5/30/2012

segue o diálogo

-Mas, Mestre, sempre pensei que sinceridade fosse uma boa coisa. Sermos livres para expressar o que pensamos, sem ter que mentir. – choramingou o garoto, cada vez mais confuso.

-Tu decidiste me seguir, sem ao menos me consultar. Jurou aprender com atos e palavras, nunca desobedecer ou questionar o que te digo. De repente se acha no direito de exigir justificativas sobre o que estou a ensinar-te? Donde tiraste tamanha ousadia? Crês ser maduro ou sábio o suficiente para refutar esse ou qualquer outro tópico que venha a ser apresentado? Não passas de um garoto sem experiência com a vida, teus pais mimaram por muito tempo, prendendo-te em uma redoma cor-de-rosa que contribuiu para o triste ser em que te tornaste.

Ao fim das palavras duras do Mestre caminharam em silêncio por longo tempo. O jovem se perguntava por que o ancião se mostrara tão irritado e se deveria seguir-lhe por mais tempo, ou abandonar o caminho.

-Em que pensas?

-Se deveria continuar minha caminhada.

-Por que?

-Porque me pareceu não ser de seu agrado.

-Viste por que as pessoas não podem ser completamente sinceras  ou expressar opiniões ao seu bel-prazer? Não estamos preparados para lidar com o que podemos ouvir. Mentira não é o melhor caminho, porém a verdade pode representar uma trilha negativa. Eventualmente devemos ponderar o que trará infelicidade ao coração. Quanto a sua presença, ela muito me honra. Te digo isso em pura lisura.

O rapaz calou-se até a próxima cidade.

Um comentário:

  1. Há quem goste de ser enganado, quem goste de mentir, e quem goste de deixar dúvidas.
    Mas a verdade é um direito.
    E em alguns casos, especialmente, eu não abro mão.
    Eu tenho, no mínimo, o direito de escolher se quero me deixar enganar!

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