11/29/2012

O meu 禅空–VI

zenSempre fui um aluno rebelde, nunca fazia meus trabalhos individuais por pura preguiça, e nos trabalhos em grupo eu lia o assunto e ditava o que a galera ia escrever, na apresentação sempre eu que palestrava. Minhas notas, claro, nunca eram as melhores, mas eram azuis por que nas provas oscilava entre 8 e 10. Eu leio muito desde jovem, e sempre armazenei muita informação, na maioria das vezes eu já tinha lido o conteúdo da aula e ficava perturbando.

Do alto da minha arrogância juvenil eu achava que a escola não teria nada para me acrescentar, devido à minha facilidade e meu gosto para leitura, então parei de estudar aos 12 anos, na sétima série. Por esta mesma época, duas professoras me ensinaram algumas coisas que levo para vida:

*critiquei um assunto que eu não dominava, e desculpei minha ignorância com a falta de afinidade. Minha professora (de português) disse "nunca critique alguma coisa que você não conheça, estude antes de falar, pra não falar bobagem";

*outra professora (de ciências) em uma situação me chamou de drogado e pervertido, pois conhecia sobre reprodução e psicotrópicos mais que ela. A frase foi "claro que você sabe mais que eu, você vive neste meio". Em outra oportunidade, ela escreveu errado na lousa e eu corrigi na boa. Ela fez questão de chamar o professor de português e o diretor (que era de letras) só pra constatar que estava errada: eles liam a sentença, corrigiam, descobriam que tinha sido escrito por ela e desconversavam por coleguismo. Fui mandado pra diretoria, onde o diretor pediu pra não falar pra ninguém, mas eu estava certo.

Voltei à escola com 17 anos, fiz a sétima e a oitava (no mesmo colégio) e prestei Liceu, Etesp, Federal e Derville. Fui aprovado em todas e escolhi a Etesp.

Logo no primeiro (e único) ano tive problemas com alguns professores e com a direção, todavia, vou citar um caso em particular – um professor (de geografia) brigou comigo no fim de uma aula e me chamou de vagabundo, pois eu não copiava nada. Respondi que copiava sim, quando ele perguntou onde apontei pra minha cabeça e comecei a recitar a aula dele. Diante disto, deu-me as costas alegando que eu não tinha argumentos – fui pra diretoria quando contestei “eu repito a aula todinha pro senhor, de cabeça e palavra por palavra, o senhor me dá as costas, e eu que não tenho argumento?”.

Abandonei essa escola, fiz um supletivo, viajei um tempo, me graduei em jornalismo (no Rio de Janeiro), voltei a São Paulo e me pós-graduei em Estudos Literários e Teorias da Tradução (esta com intenção de um respaldo ao meu inglês autodidata - até que foi bom, mas não como respaldo).

Atualmente trabalho como escritor, jornalista e professor, e em todas estas atividades, assim como em todos os aspectos da minha vida, não esqueço aqueles ensinamentos: nunca falar sobre o que não conheço, nunca desdenhar o conhecimento alheio, e sempre recuar e revisar minha atitude diante de um erro - fazendo dele uma oportunidade de aprender e evoluir. Não apenas isso, tento também passar esta sabedoria simples a todos que estão ao meu redor.