8/23/2007

Carlos "Ipanema Gump" Leonam

Imagino que todos conheçam "Forrest Gump", uma personagem de Hollywood que sentado em um ponto de ônibus vai contando sua vida. Para surpresa de seus interlocutores, ele conta ter participado de momentos decisivos da história americana, como decidir uma final de campeonato te ping-pong contra a China no governo Mao e ter influenciado na fundação da Apple, empresa de informática do empresário Steve Jobs.


Nos primeiros minutos de conversa com o fotógrafo e jornalista Carlos Leoanm (Rosado Penna) é impossível não lembrar de Forrest, mas com uma diferença: é tudo verdade! Leonam criou as palmas do por do sol do Arpoador, sugeriu que a rua Montenegro mudasse de nome para rua Vinícius de Moraes, entre outras peripécias. Até ir a Milão jogar futebol de botão com Chico Buarque ele foi.


Sabendo de tudo isso, e embasado em seu livro "Degraus de Ipanema", já me preparava pra dizer "não adianta vir com troça que eu sei tudo, heim!", ele adivinhou e sem eu falar nada me cumprimenta e diz "pra que entrevista sobre Ipanema? tá tudo lá, no livro, vamos logo que só temos 20 minutos, me desculpe".


Desarmado só me resta gravar, pois uma pergunta gera dez minutos de gravação "como era a vida noturna em Ipanema?", de memória começa "A Noite de Ipanema na verdade começa em Copacabana, nos anos 50, no Midnight, Copacabana Palace, que tinha até shows internacionais". Cita o Odeon, o Sacha e o Vogue, que pegou fogo em 55.


Mas e Ipanema Leonam? Veio depois, bem depois, ainda tinha o Black Horse, primeira boate do Brasil nas memórias do jornalista, um verdadeiro arquivo ambulante.


Durante a conversa ele vai descrevendo nomes e lugares, com precisão aritmética, até empacar em um bar do Leblon, que veio bem depois do Antonio´s (que serviu de palco para um "barata voa" com o chapéu de Mick Jagger, na sua primeira visita ao Brasil, adivinha quem levou ele lá?), tentei em vão ajudar, falando um monte de nomes errados, até ouvir um "você tá falando bobagem rapaz", deixamos o nome de lado... (me lembrei cinco minutos depois o nome do bar de moderninhos: Bracarense).


Ipanema Leonam! Ah, em Ipanema ficava a Sucata, onde começaram os Mutantes, Caetano, Gil, "aqui por Ipanema tinha uma discoteca chamada Number One que era discoteca e musica ao vivo, uma casa de shows do Ronaldo Boscoli e do Miele que durou pouco. Nos anos 40 e 50 a gente não pode esquecer na noite e no dia de Ipanema o legendário Zepelim, que nos anos 70 foi comprado pelo Ricardo Amaral que fez um reforma completa para protesto dos boêmios de Ipanema. Embora o Zepelim se comia grande comida alemã fosse um super pé sujo onde e o Ricardo sofisticou "


O tempo já estava acabando, o celular já tinha tocado, mas em cinco minutos ele me conta a história do Pizzaiolo e suas pedras com pés e mãos de artistas ipanemenses (não sei se por modéstia ou não, ele "esqueceu" de falar que suas mãos também estavam gravadas, só descobri no dia seguinte).


E a segunda e última pergunta "A noite daqui está migrando para o Leblon?", a resposta foi literal: " É verdade, porque aqui só tem a Baronetti... Bom no auge dos anos 70, imperou no Rio (e todas as outras acabaram) o Hipopotamus, do Ricardo Amaral, que era um club prive. Príncipe Charles foi lá, Julio Iglesias estava começando e cantou lá. Todo mundo que vinha ao Rio e perguntava onde era a noite ia para lá".


Saio da entrevista surpreso de ter feito duas perguntas, em vinte minutos, e receber tanta informação. Uma enciclopédia ipanemense ambulante, longe de só contar estórias.

7/16/2007

Análise das Previsões de "Blade Runner"


Índice


1.Introdução

2. Previsões Tecnológicas

2.1. Replicants

2.2. Telefonia

2.3. Carros Voadores

3. Conclusão

4. Notas

5. Fontes



1. Introdução

Blade Runner (Scott, Ridley, USA – 1982) nos mostra uma sociedade do futuro, 2019, com muitas referências aos 1980, como o visual punk e o excesso de luz néon e led’s. Mas o que nós é pertinente observar nessa obra não é sua estética e sim as “previsões” tecnológicas feitas pelo roteirista e o diretor.
O desejo de criar faz parte da nossa história, desde a roda até a último modelo de foguete espacial, mas até bem pouco tempo atrás o homem situava a maioria de suas idéias na ficção, dando liberdade a sua mente para colocar na ponta da pena as coisas mais absurdas. Entretanto, essas coisas foram deixando de ser absurdas e passaram a ser tangível na medida em que o homem foi desenvolvendo a tecnologia na direção de seus sonhos.

Muito tempo foi necessário para que a máquina de voar de Da Vinci fosse possível. Já de Julio Verne e seu módulo lunar ao homem pisar na lua foi um tempo menor. Menos tempo ainda se passou desde que Orwell escreveu 1984, onde o Grande Irmão tinha uma tela “que tudo ouvia e via” e também podia concentrar toda informação sobre todos os cidadãos, até chegarmos a Internet.

Da mesma forma, há previsões no filme que estão distantes (mas nem tanto), como carros voadores, e outras já ultrapassadas, como o videofone. Além destas duas, marcaremos em primeiro lugar e com mais ênfase os Replicants, a personagem principal do thriller.


2. As Previsões Tecnológicas

2.1. Replicants


A principal previsão do filme é a própria essência da história: os Replicants, que são andróides perfeitos, capazes de aprender e manifestar sentimentos e dor, capacidade chamada de “AI” (sigla em inglês pra inteligência artificial).

Baseado no livro “Do Androids Dream of Electric Sheep?” (Dick, Philip K. – 1968) e com referências a outros autores, como Isaac Asimov¹ e William Blake ², Scott prega que em um futuro não tão distante o homem criará - enfim³ - andróides. Junto com isso virá um problema: a partir do momento que os andróides começam a pensar, descobrem que são explorados (o vocábulo robô deriva do tcheco robota – “trabalho escravo”, que define bem a vontade do homem de desenvolver uma máquina que o substitua no trabalho pesado). Causando uma rebelião e uma chacina.

Inovador no filme é o acréscimo de memória aos replicants, solução dada pelo inventor Tirell (Turkel) para o problema da possível revolta dos robôs e para a criação da “Inteligência Artificial” (23’).

Pensados inicialmente como máquinas, daí o nome autômatos, os robôs seriam como eletrodomésticos, que seguem os comandos humanos sem pensar e isso é reafirmado por Asimov nos seus livros quando cria as três leis da robótica (termo cunhado também por esse autor). Porém, com o desenvolvimento da informática, nasce à perspectiva de fazer máquinas que executem mais do que simples movimentos de engrenagens.

Quando Tirell decide acrescentar “memória” nos replicants ele fala sobre passado, história pessoal, mas pensado nos dias atuais pode-se falar em “armazenar dados”: para chegarmos a AI basta ter suficiente dados armazenados e um processador rápido o bastante para cruzar as informações de forma que a gerar novas perspectivas a partir de impressões primárias, a exemplo do sistema humano4.

Como fundamento para a afirmação de que memória e processador são as bases da AI e de o quanto estamos próximos dela basta vermos o Deep Blue. Criado em 1996 pela IBM, empresa de tecnologia de desenvolvimento de hardwares e softwares, o Deep Blue, com seus 250 co-processadores, foi desenvolvido para jogar xadrez, atividade que exige raciocínio lógico, posto que são milhões de possibilidades para atacar e se defender. Quando os técnicos finalizaram o computador, máximo que se esperava era fazer um oponente um pouco melhor para os seres humanos, o que se mostrou acertado em um primeiro momento, quando o computador perdeu de 4 x 2 para Kasparov, campeão mundial de xadrez.

A surpresa veio na revanche do ano seguinte. Depois de passar por algumas atualizações a máquina da IBM venceu Kasparov, que ficou chocado com a capacidade da máquina de aprender os movimentos de ataque e defesa do xadrez e ainda declarou que foi o último homem a ganhar de uma máquina no xadrez.

Em 2003 Kasparov enfrentou o X3D Fritz em uma partida virtual, onde ele usava óculos especiais que projetavam a tela em sua frente. Esse embate terminou empatado, só que mais uma vez ele ficou impressionado com a capacidade da máquina de armazenar estratégias e responder rapidamente.

No que tange à aparência dos replicants há polímeros que simulam o brilho, a cor e a textura da pele humana, como o mostrado pelo professor Hiroshi Ishiguro5, que fez um “clone” de si mesmo e o apresentou em uma feira de tecnologia. Além de seu clone, o professor mostrou ao público a humanóide Q1expo, uma réplica perfeita de mulher.


2.2. Telefonia

Com 50 “de filme Deckard faz uma ligação a Rachael (Sean Young) usando um videofone público, muito similar as tradicionais cabines norte-americanas e com 1º 28” ele faz outra ligação usando videofone, só que desta vez em um modelo dentro do carro.

Hoje em dia podemos dizer que estes modelos estão “ultrapassados”, principalmente no que tange a tecnologia fixa. Através da Internet podemos fazer ligações de videoconferência via IP6 desde meados de 1997, quando surgem as webcams e softwares como o Netmeeting7, o que torna isso um lugar comum atualmente. O quê configura uma “previsão” é essa espécie de “videocelular” que ele tem no carro.

O primeiro celular foi lançado no dia 16 de Outubro de 1956 e não era necessariamente um sistema portátil de comunicação: conhecido como “Sistema Automático de Telefonia Móvel” ou MTA na sigla em inglês, ele pesava 40 quilos, portanto ele só podia ser usado de forma estacionária em um carro ou barco.

A popularização dos modelos usados em carros se deu a partir de 1977, quando a Motorola lançou seu “Dyna-Tac” em Chicago, cinco anos antes do lançamento do filme.

No mundo real, celulares com câmera surgiram em 2000, quando a Sharp lançou seu J-SH04. O mote dessa inovação foi convergir duas tecnologias (celular e câmera digitar) para um único aparelho, facilitando a vida do consumidor e tornando o aparelho mais desejável do ponto de vista comercial. No fundo isso era apenas um golpe comercial, visto que somente há pouco tempo às câmeras dos aparelhos passaram a ter uma definição maior, permitindo sacar fotos com uma qualidade aceitável.

O próximo passo da industria de comunicação foi dado em direção ao aparelho usado por Decker em março de 2003, quando a Motorola apresentou em Hanover8 (Alemanha) os modelos A830 e A835, que são equipados com Internet de alta-velocidade, câmera de boa definição, sistema de mp3 e captação de áudio, tudo voltado para videoconferência.

No Japão e na Coréia9, sempre pioneiros nesta categoria, a videoconferência por celular é ponto pacifico, como mostrado recentemente no filme Babel, onde surdos-mudos conversam pelo aparelho.

2.3. Carros Voadores

Os carros voadores são mostrados durante todo o filme, convivendo com os modelos tradicionais em muitos lugares e tendo acesso exclusivo a outros.

Como disse Henry Ford: “Uma combinação de avião e carro está chegando, você pode rir disso, mas virá!”. Por mais inverossímil que possa parecer, essa previsão também já é uma realidade e estava disponível no ultimo catálogo de natal de uma grande loja norte-americana de departamentos por US$ 3,5 milhões.

O Skycar, como é chamado, é fabricado pela Moller e tem uma autonomia de 30 quilômetros por litro, o mesmo que um carro econômico, e voa a 560 quilômetros por hora, sendo, portanto, mais rápido que um bólido de Fórmula 1.

Para poder dirigir o veiculo é preciso uma autorização especial do governo norte-americano, conseguida através da Traffic in Arms Regulations e da Federal Aviation Administration.

Israel também está desenvolvendo um modelo de carro voador, destinado a resgates urbanos. Chamado de X-Hawk foi projetado por Rafi Yoeli e já consegue voar a uma altura de cerca um metro de altura. A proposta do pesquisador é que o produto esteja no mercado até 2010. Para atingir essa meta ele conta com a ajuda da fabricante Textron Inc.'s Bell Helicopters.

3. Conclusão

O homem prova ao longo de sua história que “A imaginação é mais importante que o conhecimento” (Albert Einstein).

Quase tudo que foi concebido para ficção pela mente humana se tornou realidade de alguma forma. A lista de sonhadores e idealistas tenderá ao infinito caso alguém tente catalogar todos os nomes.

Atualmente o homem sonha com a AI, a única previsão que não se concretizou completamente e a que sempre nos exerceu mais fascínio e medo.

Com essa análise, no entanto chegamos à conclusão de que o homem atingirá mais esse intento. A pergunta agora não é mais “se” ou “quando”, a pergunta é: quais serão as conseqüências éticas e sociais desta invenção?, que seguirá “será que haverá uma briga entre homens e maquinas ou será uma coexistência pacifica?”.

Só o tempo trará as respostas, nos restando apenas o campo das previsões.

4. Notas

¹ Asimov escreveu as três leis da robótica, que são “1ª lei: um robô não pode fazer mal a um ser humano e nem, por omissão, permitir que algum mal lhe aconteça, 2ª lei: um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, exceto quando estas contrariarem a primeira lei, 3ª lei: um robô deve proteger a sua integridade física, desde que com isto não contrarie as duas primeiras leis”. Há uma alusão a elas logo no começo do filme quando Deckard (Ford), que supostamente também é um replicante, diz que “não gosta de matar, a não ser que seja pela sua própria sobrevivência” (sic). Isso pode ser uma referência cruzada das três leis e uma quarta, a “lei zero”, também criada por Asimov, mas depois refutada pelo autor, pois se antes havia um dilema ético, ele foi acentuado por essa lei. A lei zero é a seguinte: “um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por omissão, permitir que ela sofra algum mal”.

² William Blake é citado por Roy Batty (Rutger Hauer) em 28’08’’ quando declama um trecho de seu America: A Prophesy: “Fiery the angels fell, deep thunder roared around their shores burning with the fires of Orc ” (Impetuosamente os anjos caíram, quando o trovão rugiu em torno de suas costas, queimando-os com o fogo dos Orcs).

³ A palavra enfim é empregada em destaque para afirmar que o sonho humano de criar uma máquina a sua imagem e semelhança é mais antigo do que se imagina. Como exemplo pode ser citado Jacques Vaucanson, criador em 1738 de “O Flautista”, que com um elaborado sistema de engrenagens e fole tocava 12 músicas com uma flauta. A obra causou muito alvoroço, tanto que algumas pessoas criam haver um homem escondido dentro do “armário de maquinas”. O “Pato” foi apresentado no ano seguinte, com mais de 400 peças e com as habilidades de bater as asas, digerir grãos e evacuar.

4 O Homem nasce com aproximadamente 30 por cento de suas conexões neuronais formadas, diferente dos outros animais que nascem com aproximadamente 70. Isso talvez seja a fonte de nossa capacidade de raciocinar, já que há muito espaço para aprender e pouco instinto formado.

5 Professor de Sistemas Mecânicos Adaptados da Universidade de Osaka, Hiroshi Ishiguro afirma que em breve estaremos tão acostumados com essas maquinas que não conseguiremos viver sem elas, como o celular ou a Internet. Na realidade, as palavras e a voz de Ishiguro foram emitidas através da sua réplica robotizada, à qual chamou Geminoid, um clone de silicone do seu criador. Hiroshi Ishiguro, com perto de quarenta anos, não teme envelhecer, tendo à frente o seu retrato mecânico. "Acostumamo-nos, da mesma forma que os meus filhos se acostumaram no dia em que levei o Geminoid para casa; demoraram várias horas até lhe falar e a princípio estavam assustados, mas rapidamente se comportaram como se fosse eu próprio", confessa exultante.

(in http://dn.sapo.pt/2007/05/26/dngente/o_sonho_criar_inteligencia.html).

6 IP – A comunicação entre computadores é feita através do uso de padrões, ou seja, uma espécie de "idioma" que permite que todas as máquinas se entendam. Em outras palavras, é necessário fazer uso de um protocolo que indique como os computadores devem se comunicar. No caso do IP, o protocolo aplicado é o TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Existem outros, mas o TCP/IP é o mais conhecido, além de ser o protocolo usado na Internet. (in: http://www.infowester.com/internetprotocol.php).

7 O NetMeeting não foi o primeiro e nem existiu só durante um período de tempo. O quê o torna importante aqui é sua popularidade, já que era distribuído gratuitamente com o Sistema Operacional da Microsoft, o Windows 95.

8 Além do aparelho da Morola, foi lançado na feira um modelo da Samsung de pulso que aceita comandos de voz, uma espécie de relógio James Bond (outro campeão de previsões), e o NGage da Nokia que permite jogar on-line e escutar música em qualquer lugar.

9 A videoconferência também já esta disponível para usuários destes países: Hong Hong, Coréia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Taiwan, Austrália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Suíça e Israel.

5. Fontes:

Todos os sites foram consultados entre os dias 20 e 25 de Junho de 2007, mesmo os que apresentam datas anteriores a essa.

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1446168-EI4799,00.html

http://www.moller.com/

http://tecnologia.uol.com.br/produtos/ultnot/2007/03/13/ult2880u326.jhtm

http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1550622.stm

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u12474.shtml

http://dn.sapo.pt/2007/05/26/dngente/o_sonho_criar_inteligencia.html

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1443441-EI4799,00.html

http://viagem.hsw.uol.com.br/carro-voador.htm

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI687738-EI4799,00.html

http://www.philipkdick.com/works_novels_androids.html

http://wsu.edu/~brians/science_fiction/bladerunner.html

http://www.imdb.com/title/tt0083658/quotes

http://www.imdb.com/title/tt0083658/

http://www.ideiasmutantes.com.br/archives/2004/08/eu_roba_a_a_pro_1.html

http://www.unicap.br/Chico/Robotica1/sld001.htm até ...../sld0010.htm

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=976

http://www.swarthmore.edu/Humanities/pschmid1/essays/pynchon/vaucanson.html

http://eee.uci.edu/clients/bjbecker/NatureandArtifice/lecture13.html

http://www.cucoclock.com/perso.htm

http://eee.uci.edu/clients/bjbecker/NatureandArtifice/week5d.html

http://www.automates-anciens.com/versao_%20portuguesa/caixas-automatas-musica/automatas-caixas-musica.htm

Análise das Previsões de "Blade Runne"

Índice

1.Introdução

2. Previsões Tecnológicas

2.1. Replicants

2.2. Telefonia

2.3. Carros Voadores

3. Conclusão

4. Notas

5. Fontes



1. Introdução

Blade Runner (Scott, Ridley, USA – 1982) nos mostra uma sociedade do futuro, 2019, com muitas referências aos 1980, como o visual punk e o excesso de luz néon e led’s. Mas o que nós é pertinente observar nessa obra não é sua estética e sim as “previsões” tecnológicas feitas pelo roteirista e o diretor.
O desejo de criar faz parte da nossa história, desde a roda até a último modelo de foguete espacial, mas até bem pouco tempo atrás o homem situava a maioria de suas idéias na ficção, dando liberdade a sua mente para colocar na ponta da pena as coisas mais absurdas. Entretanto, essas coisas foram deixando de ser absurdas e passaram a ser tangível na medida em que o homem foi desenvolvendo a tecnologia na direção de seus sonhos.

Muito tempo foi necessário para que a máquina de voar de Da Vinci fosse possível. Já de Julio Verne e seu módulo lunar ao homem pisar na lua foi um tempo menor. Menos tempo ainda se passou desde que Orwell escreveu 1984, onde o Grande Irmão tinha uma tela “que tudo ouvia e via” e também podia concentrar toda informação sobre todos os cidadãos, até chegarmos a Internet.

Da mesma forma, há previsões no filme que estão distantes (mas nem tanto), como carros voadores, e outras já ultrapassadas, como o videofone. Além destas duas, marcaremos em primeiro lugar e com mais ênfase os Replicants, a personagem principal do thriller.


2. As Previsões Tecnológicas

2.1. Replicants


A principal previsão do filme é a própria essência da história: os Replicants, que são andróides perfeitos, capazes de aprender e manifestar sentimentos e dor, capacidade chamada de “AI” (sigla em inglês pra inteligência artificial).

Baseado no livro “Do Androids Dream of Electric Sheep?” (Dick, Philip K. – 1968) e com referências a outros autores, como Isaac Asimov¹ e William Blake ², Scott prega que em um futuro não tão distante o homem criará - enfim³ - andróides. Junto com isso virá um problema: a partir do momento que os andróides começam a pensar, descobrem que são explorados (o vocábulo robô deriva do tcheco robota – “trabalho escravo”, que define bem a vontade do homem de desenvolver uma máquina que o substitua no trabalho pesado). Causando uma rebelião e uma chacina.

Inovador no filme é o acréscimo de memória aos replicants, solução dada pelo inventor Tirell (Turkel) para o problema da possível revolta dos robôs e para a criação da “Inteligência Artificial” (23’).

Pensados inicialmente como máquinas, daí o nome autômatos, os robôs seriam como eletrodomésticos, que seguem os comandos humanos sem pensar e isso é reafirmado por Asimov nos seus livros quando cria as três leis da robótica (termo cunhado também por esse autor). Porém, com o desenvolvimento da informática, nasce à perspectiva de fazer máquinas que executem mais do que simples movimentos de engrenagens.

Quando Tirell decide acrescentar “memória” nos replicants ele fala sobre passado, história pessoal, mas pensado nos dias atuais pode-se falar em “armazenar dados”: para chegarmos a AI basta ter suficiente dados armazenados e um processador rápido o bastante para cruzar as informações de forma que a gerar novas perspectivas a partir de impressões primárias, a exemplo do sistema humano4.

Como fundamento para a afirmação de que memória e processador são as bases da AI e de o quanto estamos próximos dela basta vermos o Deep Blue. Criado em 1996 pela IBM, empresa de tecnologia de desenvolvimento de hardwares e softwares, o Deep Blue, com seus 250 co-processadores, foi desenvolvido para jogar xadrez, atividade que exige raciocínio lógico, posto que são milhões de possibilidades para atacar e se defender. Quando os técnicos finalizaram o computador, máximo que se esperava era fazer um oponente um pouco melhor para os seres humanos, o que se mostrou acertado em um primeiro momento, quando o computador perdeu de 4 x 2 para Kasparov, campeão mundial de xadrez.

A surpresa veio na revanche do ano seguinte. Depois de passar por algumas atualizações a máquina da IBM venceu Kasparov, que ficou chocado com a capacidade da máquina de aprender os movimentos de ataque e defesa do xadrez e ainda declarou que foi o último homem a ganhar de uma máquina no xadrez.

Em 2003 Kasparov enfrentou o X3D Fritz em uma partida virtual, onde ele usava óculos especiais que projetavam a tela em sua frente. Esse embate terminou empatado, só que mais uma vez ele ficou impressionado com a capacidade da máquina de armazenar estratégias e responder rapidamente.

No que tange à aparência dos replicants há polímeros que simulam o brilho, a cor e a textura da pele humana, como o mostrado pelo professor Hiroshi Ishiguro5, que fez um “clone” de si mesmo e o apresentou em uma feira de tecnologia. Além de seu clone, o professor mostrou ao público a humanóide Q1expo, uma réplica perfeita de mulher.


2.2. Telefonia

Com 50 “de filme Deckard faz uma ligação a Rachael (Sean Young) usando um videofone público, muito similar as tradicionais cabines norte-americanas e com 1º 28” ele faz outra ligação usando videofone, só que desta vez em um modelo dentro do carro.

Hoje em dia podemos dizer que estes modelos estão “ultrapassados”, principalmente no que tange a tecnologia fixa. Através da Internet podemos fazer ligações de videoconferência via IP6 desde meados de 1997, quando surgem as webcams e softwares como o Netmeeting7, o que torna isso um lugar comum atualmente. O quê configura uma “previsão” é essa espécie de “videocelular” que ele tem no carro.

O primeiro celular foi lançado no dia 16 de Outubro de 1956 e não era necessariamente um sistema portátil de comunicação: conhecido como “Sistema Automático de Telefonia Móvel” ou MTA na sigla em inglês, ele pesava 40 quilos, portanto ele só podia ser usado de forma estacionária em um carro ou barco.

A popularização dos modelos usados em carros se deu a partir de 1977, quando a Motorola lançou seu “Dyna-Tac” em Chicago, cinco anos antes do lançamento do filme.

No mundo real, celulares com câmera surgiram em 2000, quando a Sharp lançou seu J-SH04. O mote dessa inovação foi convergir duas tecnologias (celular e câmera digitar) para um único aparelho, facilitando a vida do consumidor e tornando o aparelho mais desejável do ponto de vista comercial. No fundo isso era apenas um golpe comercial, visto que somente há pouco tempo às câmeras dos aparelhos passaram a ter uma definição maior, permitindo sacar fotos com uma qualidade aceitável.

O próximo passo da industria de comunicação foi dado em direção ao aparelho usado por Decker em março de 2003, quando a Motorola apresentou em Hanover8 (Alemanha) os modelos A830 e A835, que são equipados com Internet de alta-velocidade, câmera de boa definição, sistema de mp3 e captação de áudio, tudo voltado para videoconferência.

No Japão e na Coréia9, sempre pioneiros nesta categoria, a videoconferência por celular é ponto pacifico, como mostrado recentemente no filme Babel, onde surdos-mudos conversam pelo aparelho.

2.3. Carros Voadores

Os carros voadores são mostrados durante todo o filme, convivendo com os modelos tradicionais em muitos lugares e tendo acesso exclusivo a outros.

Como disse Henry Ford: “Uma combinação de avião e carro está chegando, você pode rir disso, mas virá!”. Por mais inverossímil que possa parecer, essa previsão também já é uma realidade e estava disponível no ultimo catálogo de natal de uma grande loja norte-americana de departamentos por US$ 3,5 milhões.

O Skycar, como é chamado, é fabricado pela Moller e tem uma autonomia de 30 quilômetros por litro, o mesmo que um carro econômico, e voa a 560 quilômetros por hora, sendo, portanto, mais rápido que um bólido de Fórmula 1.

Para poder dirigir o veiculo é preciso uma autorização especial do governo norte-americano, conseguida através da Traffic in Arms Regulations e da Federal Aviation Administration.

Israel também está desenvolvendo um modelo de carro voador, destinado a resgates urbanos. Chamado de X-Hawk foi projetado por Rafi Yoeli e já consegue voar a uma altura de cerca um metro de altura. A proposta do pesquisador é que o produto esteja no mercado até 2010. Para atingir essa meta ele conta com a ajuda da fabricante Textron Inc.'s Bell Helicopters.

3. Conclusão

O homem prova ao longo de sua história que “A imaginação é mais importante que o conhecimento” (Albert Einstein).

Quase tudo que foi concebido para ficção pela mente humana se tornou realidade de alguma forma. A lista de sonhadores e idealistas tenderá ao infinito caso alguém tente catalogar todos os nomes.

Atualmente o homem sonha com a AI, a única previsão que não se concretizou completamente e a que sempre nos exerceu mais fascínio e medo.

Com essa análise, no entanto chegamos à conclusão de que o homem atingirá mais esse intento. A pergunta agora não é mais “se” ou “quando”, a pergunta é: quais serão as conseqüências éticas e sociais desta invenção?, que seguirá “será que haverá uma briga entre homens e maquinas ou será uma coexistência pacifica?”.

Só o tempo trará as respostas, nos restando apenas o campo das previsões.

4. Notas

¹ Asimov escreveu as três leis da robótica, que são “1ª lei: um robô não pode fazer mal a um ser humano e nem, por omissão, permitir que algum mal lhe aconteça, 2ª lei: um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, exceto quando estas contrariarem a primeira lei, 3ª lei: um robô deve proteger a sua integridade física, desde que com isto não contrarie as duas primeiras leis”. Há uma alusão a elas logo no começo do filme quando Deckard (Ford), que supostamente também é um replicante, diz que “não gosta de matar, a não ser que seja pela sua própria sobrevivência” (sic). Isso pode ser uma referência cruzada das três leis e uma quarta, a “lei zero”, também criada por Asimov, mas depois refutada pelo autor, pois se antes havia um dilema ético, ele foi acentuado por essa lei. A lei zero é a seguinte: “um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por omissão, permitir que ela sofra algum mal”.

² William Blake é citado por Roy Batty (Rutger Hauer) em 28’08’’ quando declama um trecho de seu America: A Prophesy: “Fiery the angels fell, deep thunder roared around their shores burning with the fires of Orc ” (Impetuosamente os anjos caíram, quando o trovão rugiu em torno de suas costas, queimando-os com o fogo dos Orcs).

³ A palavra enfim é empregada em destaque para afirmar que o sonho humano de criar uma máquina a sua imagem e semelhança é mais antigo do que se imagina. Como exemplo pode ser citado Jacques Vaucanson, criador em 1738 de “O Flautista”, que com um elaborado sistema de engrenagens e fole tocava 12 músicas com uma flauta. A obra causou muito alvoroço, tanto que algumas pessoas criam haver um homem escondido dentro do “armário de maquinas”. O “Pato” foi apresentado no ano seguinte, com mais de 400 peças e com as habilidades de bater as asas, digerir grãos e evacuar.

4 O Homem nasce com aproximadamente 30 por cento de suas conexões neuronais formadas, diferente dos outros animais que nascem com aproximadamente 70. Isso talvez seja a fonte de nossa capacidade de raciocinar, já que há muito espaço para aprender e pouco instinto formado.

5 Professor de Sistemas Mecânicos Adaptados da Universidade de Osaka, Hiroshi Ishiguro afirma que em breve estaremos tão acostumados com essas maquinas que não conseguiremos viver sem elas, como o celular ou a Internet. Na realidade, as palavras e a voz de Ishiguro foram emitidas através da sua réplica robotizada, à qual chamou Geminoid, um clone de silicone do seu criador. Hiroshi Ishiguro, com perto de quarenta anos, não teme envelhecer, tendo à frente o seu retrato mecânico. "Acostumamo-nos, da mesma forma que os meus filhos se acostumaram no dia em que levei o Geminoid para casa; demoraram várias horas até lhe falar e a princípio estavam assustados, mas rapidamente se comportaram como se fosse eu próprio", confessa exultante.

(in http://dn.sapo.pt/2007/05/26/dngente/o_sonho_criar_inteligencia.html).

6 IP – A comunicação entre computadores é feita através do uso de padrões, ou seja, uma espécie de "idioma" que permite que todas as máquinas se entendam. Em outras palavras, é necessário fazer uso de um protocolo que indique como os computadores devem se comunicar. No caso do IP, o protocolo aplicado é o TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Existem outros, mas o TCP/IP é o mais conhecido, além de ser o protocolo usado na Internet. (in: http://www.infowester.com/internetprotocol.php).

7 O NetMeeting não foi o primeiro e nem existiu só durante um período de tempo. O quê o torna importante aqui é sua popularidade, já que era distribuído gratuitamente com o Sistema Operacional da Microsoft, o Windows 95.

8 Além do aparelho da Morola, foi lançado na feira um modelo da Samsung de pulso que aceita comandos de voz, uma espécie de relógio James Bond (outro campeão de previsões), e o NGage da Nokia que permite jogar on-line e escutar música em qualquer lugar.

9 A videoconferência também já esta disponível para usuários destes países: Hong Hong, Coréia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Taiwan, Austrália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Suíça e Israel.

5. Fontes:

Todos os sites foram consultados entre os dias 20 e 25 de Junho de 2007, mesmo os que apresentam datas anteriores a essa.

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1446168-EI4799,00.html

http://www.moller.com/

http://tecnologia.uol.com.br/produtos/ultnot/2007/03/13/ult2880u326.jhtm

http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1550622.stm

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u12474.shtml

http://dn.sapo.pt/2007/05/26/dngente/o_sonho_criar_inteligencia.html

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1443441-EI4799,00.html

http://viagem.hsw.uol.com.br/carro-voador.htm

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI687738-EI4799,00.html

http://www.philipkdick.com/works_novels_androids.html

http://wsu.edu/~brians/science_fiction/bladerunner.html

http://www.imdb.com/title/tt0083658/quotes

http://www.imdb.com/title/tt0083658/

http://www.ideiasmutantes.com.br/archives/2004/08/eu_roba_a_a_pro_1.html

http://www.unicap.br/Chico/Robotica1/sld001.htm até ...../sld0010.htm

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=976

http://www.swarthmore.edu/Humanities/pschmid1/essays/pynchon/vaucanson.html

http://eee.uci.edu/clients/bjbecker/NatureandArtifice/lecture13.html

http://www.cucoclock.com/perso.htm

http://eee.uci.edu/clients/bjbecker/NatureandArtifice/week5d.html

http://www.automates-anciens.com/versao_%20portuguesa/caixas-automatas-musica/automatas-caixas-musica.htm

4/26/2007

Só nesse ano já foram mais de 450 homicídios no Rio


por: Anggiolo Rua



Foi divulgada essa semana a estatística do Instituto de Segurança Pública que mostra os homicídios cometidos no estado: até o dia da publicação foram 486 mortes. O número mostra uma queda de 6,8%, mas não deixa de ser assustador.
Além desses números, podemos contar dois atos de protestos na Praia de Copacabana (um com rosas e um com cruzes), um movimento pela Paz organizado pelo Jornal do Brasil, diversas palestras, a chegada da Guarda Nacional no estado e outras ações menores.
Essa diminuição de na taxa de homicídios deve ser celebrada, mas está longe ser considerada ideal e nem deverá trazer tranqüilidade aos moradores do estado, cada vez mais acuados dentro de casa.
A noite carioca, antes muito animada, vê sua vida social reduzida drasticamente, porque é provável que você seja roubado ou assaltado. Jóias, celulares etc, são objetos que você deve usar em casa, ou dentro de um carro blindado, para não “perder playboy”.
Dizer que os favelados são culpados e que devem ser eliminados não ajuda em nada, apenas faz aumentar o abismo que separa a classe mais humilde da um pouco melhor (que também sofre com taxas e impostos...).
O governador Sergio Cabral prometeu ser mais rígido com relação à criminalidade, mas e os outros pontos? Na primeira semana entrou em dois hospitais públicos estaduais e demitiu o diretor de um deles, ato simbólico de grande valia, mas o mesmo ato deveria se repetir em escolas - não despedir diretores ou professores, e sim fiscalizar o uso dos recursos, para poder aumentar salários e verbas com responsabilidade.
Investir em saúde e educação ajuda especializar o trabalhador, o que melhora a distribuição de renda e a qualidade de vida, medidas que são mais eficazes no combate a violência do que o aumento do contingente policial. Basta observar países como Suécia e Holanda, que optaram por melhorar a qualidade de vida com políticas trabalhistas e educacionais a tornar as leis mais rígidas e o número de policiais desproporcional ao total da população.

3/11/2007

Não entendam assim...


Não é regionalismo, não entendam assim, por favor! Ah! Muito menos bairrismo, até porque, escolhi (ou fui escolhido...) viver em uma cidade diferente da minha. Também não é sobre sotaque: mesmo que eu ache alguns detestáveis.

Sotaque é uma coisa bem complexa, é impossível saber o quê está certo: carlne, carrrne, paxtel, passtel, (sic).

É sobre o quê?

Bem... Eu sou um paulista típico, fora o fato de não falar “meul”, prefiro “cara”, e moro na cidade maravilhosa – um desterrado J.

Chegamos ao ponto!!! Mesmo eu sendo um paulistão, não tenho o menor orgulho de falar “os cara”, “as mina”, “dois pastel”. Não tenho mesmo, olha que eu sei a razão histórica disso, não justifica, é um português medonho!!!

Agora, ouvir alguém dizer, com certa arrogância, que fala errado, que fala “tiatro” “tisoura”, “tumate”, entre outras, e chamar isso de identidade me assusta... É como se um humilde cidadão se sentisse honrado de dizer “prástico”, “estrombo” (estômago).

O mais arrepiante é ouvir isso de alguém que supostamente deveria me ensinar.

Não é uma questão de confrontar, não é insubordinação, não entendam assim, ok? Mesmo que tenha sido dito em tom de piada, foi desnecessário e inapropriado. Isso me envergonha por meus amigos que nasceram aqui na cidade maravilhosa e reconhecem os problemas sociais ou lingüísticos. Não importa, assim como eu vejo, mesmo distante, os “pobremas” “di” minha amada “Sum Paulo”.

3/07/2007

Maldito Império


Esse trabalho foi feito por mim baseado no Livro "Império"

eu dei um ctrl-c ctrl-v, portanto está diagramado como se fosse no papel, referências no final...





Índice:

Introdução

Capitulo 1

Capitulo 2

Capitulo 3

Conclusão

Fontes


Introdução:

O primeiro capitulo trata da frase de Frantz Fanon, “O Mundo Colonial é um mundo cortado em dois”. São avaliadas as experiências do psiquiatra e como elas afetaram sua visão do Mundo. Também é debatida a alteridade e em como ela existir deixou marcado o mundo moderno.

A segunda parte fala sobre o distanciamento que ocorre gradualmente entre Estado e Nação, e quais foram as causas e as conseqüências desta separação. Discorre sobre a nova ordem mundial e as mudanças ocorridas para se chegar até ela.

O capítulo três é sobre Alexis Tocqueville e sobre as impressões que ficaram de uma visita que ele fez aos EUA. Mostra as comparações feitas dentre a democracia de massa e o velho sistema europeu. Lá encontramos também o desfecho dessa heterogeneidade.

Finalmente, na conclusão é feita uma breve ligação entre os temas e são citados pontos que ficaram fora dos três capítulos, mas que são pertinentes a discussão.

Espero que seja uma leitura agradável, e que todas as idéias possam ter sido bem expressadas.

Gustavo Cordeiro



1 – Analise a citação de Frantz Fanon, no capítulo “A Dialética da Soberania Colonial”, “O Mundo Colonial é um mundo cortado em dois”:

Para entender bem essa frase e a propriedade com a qual ela foi dita, precisamos antes conhecer um pouco sobre Fanon: onde ele nasceu, quem ele foi, quais foram suas experiências mais marcantes.

Nascido na Martinica em 1925 - quando ela ainda era uma colônia francesa -, era mestiço, descendente de escravos e com um pai branco. No ano 1940 ele viu os soldados franceses, que estavam baseados na ilha devido à guerra contra os nazistas, atacando a população negra pobre: em manifestações explícitas de racismo os soldados matavam os homens e estupravam as mulheres. Aos 18 anos viajou para Dominica, onde se alistou no Exército Livre Francês. Em 1945, após a derrota dos nazistas e a tomada da Alemanha, seu pelotão foi “limpo”, e todos os soldados negros foram enviados para Toulon. Depois desse episódio ele retornou para a Martinica para um breve período, seguindo para Lyon, onde se formou em psiquiatria no ano de 1951. Durantes seus estudos ele ainda lia sobre filosofia, política, literatura e foi na França que ele escreveu seu primeiro livro: Black Skin, White Masks,

Mas é na Argélia que ele escreve “Os Condenados da Terra” (The Wretched of the Earth), onde denuncia a tortura francesa nos argelinos e fala sobre como os processos de destruição da identidade local afetam os colonizados.

No contexto de “Império” a frase fala sobre a alteridade criada pelo colonizador, que divide o mundo em dois: um desenvolvido e civilizado, que tem o direito de submeter o outro mundo, subdesenvolvido e bárbaro. Essa visão etnocêntrica é tão arraigada na cabeça do europeu, que atinge até aqueles que deveriam supostamente ajudar, como o missionário Bartolomé de Las Casas, que entende os ameríndios como quase humanos e que tudo que deveriam fazer para equivaler a humanos plenos era negar sua cultura e aceitar a Cristo como seu salvador e única religião.

Nesse processo de criação do outro, o europeu em um primeiro momento “importou” esse outro para si, criando imagens e fazendo a imaginação popular voar cada vez mais alto. Quando todas as concepções ficaram cristalizadas no inconsciente popular, o europeu tratou de “exportá-la” para o colonizado, fazendo com que se vissem não como donos de uma cultura própria e rica em diferenças, e sim que deviam renegá-la para vir a ser algo melhor ou, talvez quem sabe, virem a se tornar humanos.

Hoje, infelizmente, ainda há muito resquício deste corte em dois, dessa estereotipagem do Outro, como se pode observar na guerra do Iraque, ou nos recentes ataques a Paris por muçulmanos e até mesmo em estádios de futebol, onde jogadores negros de toda parte do mundo são chamados de macacos e sub-raça.

Frantz Fanon influenciou muitos movimentos liberatórios, se naturalizou Argelino, foi representante do país em diversas ocasiões e conseguiu ajudar diretamente a independência da Argélia, que ocorreu um ano depois de sua morte precoce: 1962.



2 – Descreva a justificativa de Michael Hardt e Antonio Nigri para a mudança gradativa na relação entre Estado e Nação nos séculos XIX e XX, no capitulo: “Constituição Mista”:

Se no começo do capitalismo quem regulava o capital dentro da metrópole era o Estado, fora da Metrópole as Empresas já detinham poderes quase que absolutos sobre os territórios em que operavam. Michael Hardt e Antonio Nigri citam o exemplo da Companhia Holandesa das Índias Orientais, que governou Java até o fim do Séc. XVII, e mesmo depois de dissolvida, a iniciativa privada governou de forma quase independente com relação ao Estado. Eles concluem dizendo que, se dentro do Estado eles foram governados sob protestos, fora do Estado eles gozavam de soberania plena.

Já nos Séc. XIX e XX, as empresas cresceram e começaram a se unir de forma cada vez mas intrínseca. Nos EUA e na Europa, formaram cartéis, gerando quase-monopólios e trustes. Começaram também os primeiros esboços das multinacionais com as características que conhecemos hoje. Como a competição faz parte do capitalismo, esse processo de monopolização gerou uma crise no mercado, além de diminuir o poder do Estado, que teve que reagir e se impor, criando leis antitruste e aumentando taxas, para enfraquecer a iniciativa privada e se manter no poder.

Atualmente essas medidas já não são tão eficazes, pois se um Estado cria uma barreira – aumentando impostos, criando leis trabalhistas desfavoráveis, inferindo diretamente na gestão da empresa – a empresa não se acanha em levantar âncora e partir para um outro país que a favoreça. A operação de mudança se torna cada vez mais viável devido ao desenvolvimento dos sistemas de comunicação e transporte.

Isso induz ao pensamento de que a iniciativa privada triunfou sobre o Estado, mas, como explicam os autores, isso seria a própria ruína do capital, pois o capitalista, na ânsia de aumentar o seu lucro particular, não hesita em derrubar o seu concorrente imediato, mas isso iniciaria um processo que acabaria em sua própria destruição. O que aconteceu na realidade foi o deslocamento do nível de poder, que hoje se concentra em um nível econômico. O Estado regula, por exemplo, as balanças comerciais e a moeda (o câmbio, ainda que sob pressão) e esse controle é exercido através de meios burocráticos, fazendo uso de dispositivos como a OMC, o FMI ou os grandes Blocos de Nações (exemplo o MCE).

Michael Hardt e Antonio Nigri dizem que o poder moderno é organizado em uma pirâmide com três camadas: na primeira camada lideram os EUA, devido o seu poder bélico e econômico, juntamente com a ONU (não que ele realmente precise desta ajuda, mas ele assim agiria para legitimar suas ações e não fazê-las parecerem unilaterais); ainda na mesma camada, um pouco abaixo, vêm os grupos que são usados nas negociações da política monetária e comercial mundial, como o G7 (atualmente G8, depois da inclusão da Rússia), os Clubes de Londres e Paris e Davos (FEM); e na base dessa primeira camada eles citam um terceiro nível, com associações não tão poderosas, mas que exerceriam o mesmo tipo de influencia militar e econômica. Na segunda camada há um poder que não prima pela intensidade ou pela união, mas sim pela ramificação e articulação pelo mundo, é constituído pela iniciativa privada e pelas redes de controle que ela joga no mundo. Essas redes são fundamentadas na troca de influências (como nos velhos sistemas feudais), no desenvolvimento de tecnologias, no controle de produção de bens e capital. É através delas que são feitos os controles e a homogeneização do território mundial e organização dos mercados, em uma relação de amor e ódio com a primeira camada. Dentro dessa segunda camada, logo abaixo as Multinacionais que tecem a rede, há os Estados-nação que filtram tudo que é produzido e controlam o que acontece dentro de seu território. Esse nível é um tanto polêmico, pois muitas vezes um país é obrigado a fazer concessões a exigências abusivas das multinacionais. Os países que fazem essas concessões podem ser induzidos por diversos fatores, que vão desde pobreza, o que não lhes deixa escolha - ou abre espaço para a empresa ou sua população padece faminta e desempregada - até a corrupção de seus governantes, que pensando em seu próprio umbigo, não se importam de fazer sofrer seus patrícios. A última camada do poder é constituída pela multidão, que não consegue exercer o mando direto, então é organizada de forma a desempenhar esse poder de modo indireto. Ela pode ser representada pelo seu Estado, pelos seus governantes; ou através das ONG’s, que simbolizam os anseios reais da população e são relativamente independentes do Estado e também do capital. Ainda podem ser representados através da Mídia ou da Religião, mas é arriscado confiar na total imparcialidade da imprensa, ou até mesmo atestá-la como integra em um modo geral e, se, muitos Estados se proclamam laicos, a Religião em mais de uma oportunidade histórica assumiu o controle do mesmo (sempre depois de uma explosão fundamentalista).

Talvez sejam as ONG’s as entidades que mais representem a separação entre Estado e Nação. Conceitualmente o Estado é formado por uma comunidade que ocupa o mesmo espaço físico, debaixo da mesma Constituição e com um governo único em comum. O Estado precisa ser reconhecido pela Comunidade Internacional para poder ser soberano e também fazer acordos internacionais . Já a Nação e formada por indivíduos que possuem características étnicas e culturais em comum (idioma, religião, mentalidade). Para exemplificar bem a diferença, podemos citar aqui no Brasil as nações indígenas, que apesar de estarem dentro do mesmo Estado Soberano, possuem regras internas de condutas bem distintas das dos demais cidadãos brasileiros e no mundo os Países Bascos, que está dentro de território espanhol, mas possui sistema bancário, moeda e idiomas próprios.

As ONG’s defenderiam o interesse direto da Nação por não estarem diretamente ligadas a nenhum governo. Essa defesa pode muitas vezes ir de encontro aos desejos do Estado. A Anistia Internacional os Médicos sem Fronteira são citados em “Império” como exemplos de ONG’s que representam diretamente uma Nação e, se preciso, passam por cima de Estados para chegarem a suas metas de atender a população.



3 – Explique a visão de Tocqueville, sobre a crise da Europa e sobre suas Implicações.

Capítulo: Geração e Corrupção:

Para Aléxis Tocqueville o poder europeu se enfraqueceu drasticamente, contrastando com a ascensão americana, devido à crise da democracia.

Nos EUA do século XIX se disseminava a idéia de que não se nascia americano, escolhia-se ser americano - independente de onde viesse, qual fosse a religião ou etnia (há, é claro, a falácia dos afros-descendentes e latinos, mas esse não é um tema pertinente nessa discussão): a chamada “democracia de massa”. Na Europa crescia o nacionalismo exarcebado, que gerou muitos conflitos internos, provocou lutas trabalhistas, dissidências de filósofos e cientistas e êxodo de cidadãos, todos migrando para o Novo Mundo.

Durante seu “Démocratie en Amérique”, Tocqueville tece comparações entre os sistemas europeu e norte-americano:

  • enquanto nos EUA há a democracia de massa e na Europa prevalece o despotismo;
  • nos EUA os cidadãos respeitam a idéia de propriedade particular porque têm o direito à propriedade particular e na Europa as terras e as empresas particulares se encontram na mão dos nepotistas e uns poucos aristocratas;
  • os norte-americanos aprendem que devem confiar em sua própria capacidade de lidar com problemas que envolvam terceiros, os europeus jogam a responsabilidade das suas vidas nas costa do Estado, sobrecarregando-o.

Para Tocqueville, a democracia era um processo dinâmico e universal, que competia a todos os indivíduos da sociedade em igual proporção e qualquer atentado contra (no caso o nepotismo), seria fadado ao fracasso. Ele pergunta “será que um sistema que venceu o feudalismo e os reis irá recuar diante da burguesia e dos ricos?”, e a resposta foi dada pela falência da Europa. Ele compreendia que a Europa deveria se retratar e abolir esse sistema que já não funcionava tão bem, uma tendência que se nota em vários outros autores e filósofos contemporâneos dele (como Hegel), mas isso não aconteceu e todas suas previsões se tornaram verdadeiras.

Já do início até a metade do século XX vieram os golpes fatais: as duas grandes guerras (a primeira entre 1914 e 1918, a segunda entre 1939 e 1945, ambas em território europeu), que arruinaram a Europa. A Segunda vai totalmente ao encontro das previsões de Tocqueville: a Europa rui completamente, sem dinheiro, com uma produção cultural medíocre e apagada, cidades destruídas, populações dizimadas e acaba sendo salva pelos EUA, que definem a guerra e reconstroem os países destruídos, criando uma hegemonia tal que faz com que os demais países se tornassem subordinados a ele. Esse poder foi exercido em vários flancos desde então, sendo os principais o poder econômico e bélico adquiridos e o cultural, que fez com que sua indústria conquistasse o mundo e definisse o Império moderno.



Conclusão:

Falar de Frantz Fanon e Alexis de Tocqueville em uma mesma análise, separando os dois justamente por um tópico que os aproxima – o deslocamento do poder em espaço e tempo – é fascinante.

Fanon fala com propriedade das disparidades que existem nas relações de poder: mais do que um acadêmico que observa a vida dentro de um aquário, ele viveu o drama sobre a qual ele escreveu, era um cidadão do novo mundo e mestiço. Em contrapartida Tocqueville era um membro da aristocracia, francês e que pôde avaliar o contraste que surgia no mundo em uma viagem que fez ao Estados Unidos da América. Antagônicos, eles previram o mesmo fim para os velhos sistemas imperialistas.

Escrever sobre o primeiro tópico só me foi possível depois de uma pesquisa sobre Fanon, e no final achei que a história dele conclui mas do que muitas divagações sobre o tema, mesmo que tenha deixado de lado alguns tópicos do capitulo que considero muito importante e deixei de refletir, como por exemplo os comentários de Marx sobre a Índia, o fim da escravidão e os meios que conduziram isso, as lutas pela libertação e o encaixe da carapuça (bumerangue da alteridade), momento onde o colonizado assume o estereotipo e o usa como uma bandeira de luta e emancipação. Nos últimos anos notamos que as cicatrizes desta alteridade resultaram em um quelóide: o terrorismo moderno e a luta entre o ocidente cristão e o oriente muçulmano.

O segundo, até pela forma como ele foi proposto, foi baseado quase que exclusivamente no livro, e me detive ao conceito de Estado e Nação e sua ligação direta com a recomendação, mas o paralelo com o sistema de Políbio para Roma tem tudo a ver com o texto, apesar de não ter sido citado. Durante a descrição da pirâmide procurei ser o mais fiel possível a construção dos autores e a sua ligação com as três formas boas de poder: a primeira camada corresponde ao Monarca, a segunda a Aristocracia e a terceira a Democracia.

O último foi-me o mais trabalhoso, pois em “Império” a citação se refere exclusivamente aos EUA, assim como a obra do próprio Tocqueville. Em seu livro ele fala sobre a tradição de Thomas Jefferson e de como está sendo construída a jovem nação. As citações que ele faz da Europa são indiretas e sempre em contraposição ao que é dito sobre os EUA. As implicações foram mais fáceis de serem encontradas, no próprio “Império” há as respostas, como a fuga dos cientistas e artistas (de Paris para Nova York por exemplo), as grandes guerras, o financiamento feito pelos EUA para a reconstrução das cidades arruinadas, o que gerou dívidas de favores para com eles.

Uma coisa que me chamou a atenção foi a acomodação bélica da Europa depois da Segunda Guerra Mundial: ela deixou que os EUA a protegessem e investissem em armas para combater o Mal (a Rússia), enquanto ela podia concentrar toda a sua força em pesquisa tecnológica, educação e bem estar da população. Em longo prazo isso contribui para a descentralização do poder do Império e a cristalização do bloco, que conseguiu uma economia e moeda em comum entre todos os países membros. Se hoje os EUA ainda não precisam de ajuda para atingir seus objetivos, por outro lado não é vantagem nenhuma para esse país ir de encontro direto aos interesses da comunidade européia.


Fontes:

Internet:

http://www.libertaddigital.com/ilustracion_liberal/articulo.php/251

http://www.nodulo.org/ec/2005/n044p07.htm

http://www.nodulo.org/ec/2005/n045p07.htm

http://www.nodulo.org/ec/2005/n046p07.htm

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742003000200004&lng=en&nrm=&tlng=pt

http://www2.rio.rj.gov.br/cgm/clipping/especial/noticia_detalhe.asp?idClipping=2499

http://www.udp.pt/textos/comuna1/ultraimperialismo.pdf.

http://www.jorgeforbes.com.br/arq/polibioericardo.pdf.

http://ffabios.sites.uol.com.br/

Todos visitados entre 3 e 5 de Julho

Livro:

Hardt, Michael, Antonio Negri; Império. Tradução de Berilo Vargas – 3ª Edição – Rio de Janeiro: Record, 2001.

1/26/2007

Naked Capone


*Uma entrevista ficticia con Don Capone pouco antes da morte, apresentada em um trabalho de Técnicas de Reportagem.

Alphonsus Gabriel Capone, vulgo “Al Capone” ou Scarface, nasceu no Brooklin, subúrbio de Nova York a 17 de Janeiro de 1899. Aos 16 era subordinado de Frankie Yale, trabalhou como segurança, correio, leão-de-chácara. Quando foi “promovido” para Chicago, sob comando de John Torrio, assumiu seu lugar depois que esse foi ele baleado.

Quando nós o encontramos, em um “ristorante”, o Duo Restaurant & Bar, na 1421 S Miami Ave, ele estava sereno, vestido discretamente com um terno marrom de corte reto e ombreiras, típico italiano. Com a sífilis em estado avançado, apesar de controlada com penicilina, e suspeita de problemas mentais decorrentes da doença, ele nos respondeu com clareza e coesão, se lembrando bem de datas e fatos.

Gustavo: Bom-dia Mr. Capone, primeiro obrigado pela entrevista. Tenho uma dúvida quanto sua origem. Afinal, onde o senhor nasceu? Em Nápoles, Chicago ou Nova York?

Capone: Bom-dia rapazes, o prazer será meu em respondê-los. Vamos lá: eu nasci no Brooklin, subúrbio de Nova York, e não em Nápoles, como muita gente acha, muito menos em Chicago. Sou filho de imigrantes, meu pai Gabrielle Capone é da vila de Castellmarre di Stabia, em Nápoles, e minha mãe, Teresina Raiold, é de Angri, província de Salermo.

Yuri: Como o senhor construiu seu império?

Capone: Eu não diria “construí”, eu diria “herdei” e “ampliei”. Com 14 anos fui expulso da escola, pois agredi um professor. Com o tempo ocioso, me juntei a gangues de adolescentes. Quando estava na “Five Points Gang”, trabalhei para Frankie Yale, que em 1919 me transferiu para Chicago, sob comando de John Torrio, mentor de Yale. Logo virei seu braço-direito. Quando ele foi baleado (“God bless him”), assumi seu lugar no comando e com pulso forte, comprando o que podia, expandi os negócios. Trabalhava com jogos, prostitutas, etc. Eu mantinha um apartamento com cinco suítes e mais quatro quartos de hóspede no Hotel Metrópole, na Avenida Michigan, de onde controlava tudo. Fiquei lá até 1928.

Gabriel: Quantas vezes o senhor foi preso?

Capone: Fui preso quatro vezes: a primeira, quando era adolescente, por perturbar a ordem pública. Depois, em 1926, fui acusado de matar três pessoas, mas fiquei na cadeia só uma noite, porque não encontraram evidências suficientes contra mim. De verdade, a primeira vez foi em 1929, só por estar armado. Mas me dei mal mesmo em 1931, quando fui preso por sonegação de impostos.

Gabriel: E como aconteceu essa prisão?

Capone: Naquela época as pessoas achavam que o que se ganha no jogo não é taxado. No entanto, existe uma lei de 1927, apelidada de Sullivan, que diz que lucros ilegais deveriam ser taxados. Baseado nisso o Governo resolveu me indiciar por sonegação. Eu realmente nunca tinha declarado nenhum ganho e meus negócios não estavam no meu nome, estavam em nome de pessoas de confiança. Tudo que eu ganhava vinha de forma anônima. Então, o Governo colocou o agente Frank Wilson da Unida Especial de Inteligência (Special Inteligence Unit – SIU) na minha cola. Pro meu azar, ele achou um livro de apontamentos que além de atribuir lucros diretamente ao meu nome, ainda mostrava todo mundo que fazia parte do esquema. Logo depois, meu contador, Lawrence P. Mattingly, confessou para o Governo em uma carta que eu obtinha lucros através dos jogos. Juntando a esses dois fatores e mais à coerção das testemunhas, foi o suficiente para me prender.

Gustavo: Como o senhor se defendeu?

Capone: Além de ser acusado de sonegação de impostos, eu fui acusado por delitos menores que lesavam a Receita em 1928 e 1929. Também fui indiciado por conspiração, por ter violado diversas leis entre 22 e 31. Me declarei culpado das três acusações, na esperança de conseguir atenuantes. Mas o juiz encarregado do caso, Juiz James H. Wilkerson, não quis fazer acordos. Como a via legal não funcionou, mudei a minha declaração para inocente e tentei subornar o júri. Infelizmente Wilkerson mudou o júri no último minuto. Peguei dez anos numa prisão federal e um ano numa prisão local. Além de mais seis meses por ter faltado a uma audiência e ter de pagar US$ 50.000 em impostos retroativos e o custo do julgamento, US$ 7.692,29.

Marcelo: O senhor se casou muito cedo, como o senhor conheceu a sua esposa?

Capone: Eu conheci Mary “May” Coughlin em 1918 numa danceteria. No mesmo ano, 4 de dezembro, nasceu o nosso filho, Albert “Sonny” Francis. A gente se casou no final do mês, dia 30.

Gabriel: Por que o senhor decidiu se mudar para cá?

Capone: Eu era grande amigo e fazia negócios com o prefeito William “Big Bill” Hale Thompson Junior, mas ele achou que eu prejudicava sua imagem política e nomeou um novo chefe de polícia para me expulsar de Chicago. Enquanto eu procurava um novo lugar para morar, eu percebi que as pessoas não gostavam muito de mim, a despeito de todo o trabalho social que eu já fiz na vida, mas eu achei um lugar legal 93 Palm Island.

Gustavo: Por quantos presídios o senhor passou?

Capone: Primeiro fui para Atlanta, onde levava uma vida boa, com muitos confortos, apesar de ser uma prisão barra-pesada. Muitos não gostaram disso, então fui mandado para Alcatraz, onde perdi o contato com o mundo. Lá me comportei direitinho, não participei de rebeliões, na esperança de sair mais cedo por bom comportamento. Passei muito tempo internado por causa da sífilis. Em 1939, antes de ser liberado, fui para Terminal Island, um instituto federal de correção californiano para pagar o meu ano por pequenos delitos. Só sai em novembro de 1939.

Yuri: Ninguém nunca tentou derrubar o senhor?

Capone: Sim, muitas vezes, mas como eu tinha uma rede de espionagem muito eficiente, que ia de entregadores de jornal a policiais, qualquer princípio de motim era descoberto.

Marcelo: Em 1929 o senhor foi eleito o homem do ano ao lado de Einstein e Mahatma Gandhi, o senhor vê alguma relação entre o senhor e os dois?

Capone: Sim. Com Einstein eu me igualo em raciocínio e lógica e posso provar isso através do meu trabalho de ampliação e desenvolvimento da organização e com Gandhi por ter sido sempre generoso, ter sustentado muitas associações e na crise de 29 fui o primeiro a distribuir sopas e comprei muitas roupas e comida para necessitados.



1/04/2007

FELIZ ANO MESMO

Ano novo, vida nova: sempre achei essa máxima o mínimo! nunca consegui entender como fazer para tornar vinho de água, mas ok, sigamos em frente...
Eu quero um ano exatamente o mesmo, ao menos para mim. Não o mesmo o mesmo, mas o mesmo progressivo, pois o meu teve uma curva ascendente vertiginosa: caso o mesmo ano que chegou continue igual o mesmo ano que foi, para mim será fantástico!
Nesse ano comecei jornalismo, passei para o segundo semestre, mudei meu local de vivencia (morada, como dizem os amigos lusitanos), meu local de trabalho, esse ano fiquei muito melhor e com um relacionamento mais adulto com Elisa, com as pessoas ao meu redor, esse ano encontrei Marcelo Rubens Paiva(feliz ano velho, próximo ao ano novo), Cora Ronai, Ziraldo, todos ídolos.
Nesse ano que passou hospedei minha família, conheci pessoas novas, dei uma renovada em algumas amizades, ganhei elogios, criticas, destrutivas, construtivas, vagas, sem fundamentos, fundamentadas.
Nesse ano que passou me exercitei muito, fiz regime, atingi metas. Nesse ano encostei a mão no chão sem dobrar o joelho (fundamental, tanto que mandei uma mensagem a Elisa...), fiz barra, paralela, abdominal e paralela :).
Nesse novo ano: hospedarei minha família outra vez, me exercitarei mais, fiz bodas de algodão com Elisa, encostarei o rosto no joelho, correrei na lagoa, escreverei com mais afinco, comprarei uma filmadora, farei um filme, editarei um filme, farei um fanzine, amarei muito Elisa, estudarei muito, lerei mais ainda, comprarei um gravador de voz e uma maquina fotográfica, encontrarei mais pessoas, farei mais amigos, me dedicarei aos que já tenho, aceitarei criticas, rejeitarei algumas, claro.
E pra fechar:
FELIZ ANO MESMO PRA MIM, E, AH, FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!!!