12/17/2010

(des)ordem pública x hipocrisia + falar por falar

tô lendo uma par de bobagem sobre esse guitarrista que foi agredido e teve sua guitarra apreendida pela polícia. galera, prestenção, o cara não foi preso por ser artista, foi preso por 'desordem no espaço urbano', ele tinha todo o direito de tocar lá, desde que comunicasse ao poder público e obtivesse um alvará  (http://bit.ly/faqcfX) . não estou defendendo a truculência policial, ao contrário: se começarmos a gritar a esmo estaremos usando a mesma moeda, o que torna o movimento hipócrita. fica tipo 'eu faço em você o que não quero que você faça em mim', esquisita essa lógica, não? também vi um monte de gente falando "coitado, ele tava só ganhando seu dinheiro". vou deixar de lado o fato de que existem outras maneiras de ganhar dinheiro, já que sou a favor da arte. também relevo o fato de que este rapaz em especifico é do tipo que allan sieber caracterizou como 'vou virar hippie e vender artesanato, o que faltar meu pai completa'. só o quê vale para mim é o seguinte: dentre os defensores, quantos iam curtir um cara tocando música initerruptamente embaixo da sua janela, ainda que música boa? ou, melhor, querendo transitar pela rua para chegar ao trabalho e tendo que desviar  por que um cidadão se acha no direito de ganhar seu dinheiro ali. isso não é novo, tem um tal de la fountaine que fez um registro escrito disso há muito tempo. antes dele teve esopo, e depois monteiro lobato (http://bit.ly/guLMCM) . falar por ai é muito fácil. querer ibope com isso também. quero ver é falar coisas coerentes e obter alguma voz, ahh, como quero. para fechar, já vi um monte de artista apanhar no anhagabaú (jogadores de futebol, capoeiristas, pintores, tatuadores e até cantores – pasmem!), por que logo esse rapaz teve destaque? ah tá, entendi.

12/02/2010

proposta para gerenciamento de perfil de empresa

Apresentação

Não há dúvidas de que a internet é o maior meio de comunicação da atualidade. Se, por um lado, ela ainda não atingiu o mesmo número de pessoas que o rádio e a Tv, por outro ela é, ainda, o único veículo de duas vias (que o usuário pode interagir ativamente e em tempo real) que atinge as massas. E esse alcance aumenta expressivamente a cada ano. Segundo pesquisas:

“Em 2009, os brasileiros ampliaram o acesso à internet em 10%, de acordo com a pesquisa Internet Pop elaborada pelo Ibope Mídia. O levantamento aponta que subiu de 49% para 54% a proporção de brasileiros que acessam a internet de vez em quanto, totalizado um total de 25 milhões de pessoas.”

(Vírgula – UOL – Acesso em 2/12/10 - http://bit.ly/dJzreS)

Claro que o potencial de chegar a 25 milhões de pessoas não pode ser ignorado, mas como sua empresa atingirá essas pessoas? Como citado anteriormente, a internet é uma via de mão dupla, e isso significa que sua audiência pode, e vai, comentar sobre amigos, empresas, elas mesmas e suas preferências. Isso tudo será registrado e acessado por cada elemento da rede de relacionamento do emissor, em um looping impossível de prever:

“[...]quer dizer então que o povo da internet lê? Respondo, não só lê, como vê fotos, assiste à videos, paga contas, faz compras, vota no próximo eliminado do big brother e faz fofoca.Tudo isso as vezes no meio tempo de um download de música.

A palavra chave é multimídia, mas não é só o meio (o computador) que carrega essa pecha, seus usuários também. As pessoas postam fotos, vídeos, recados, mantém um blog, fazem debates, propaganda, desenham, jogam, conversam, se olham. As vezes sem precisar sair de uma única tela, vide o site de relacionamentos Facebook.”

(SILVA, Gilmar, in: http://bit.ly/hOtupx)

Trocando em miúdos, se gostarem da sua empresa, eles irão falar bem, caso contrário, não pensaram duas vezes antes de falar mal de seu produto/serviço:

clip_image002

clip_image004

Poucas empresas se dão conta disso, mas é possível gerenciar como irão aparecer na internet. Podemos dar atenção a essas reclamações, respondendo, contornando, ou simplesmente excluindo (quase sempre uma alternativa ruim, que deve ser usado em último caso). Outra forma de lidar com esses posts é imergi-los entre muita publicidade favorável.

Para nós, a melhor ação é uma combinação de todas as possibilidades citadas, feita de forma controlada, através de mídias sociais, blog, site empresarial, entre outros:

“O blog corporativo é uma forma simples, e até mesmo gratuita, de uma empresa se fazer presente na internet e se comunicar com públicos de interesse, tanto internos quanto externos à organização, como empregados e consumidores. No caso de empresas de pequeno porte, a utilização do blog pode ser mais interessante porque existe a possibilidade de não apresentar qualquer custo, o que não ocorre com um site. O blog não deve ser substituto para outras ações de comunicação e relacionamento da organização, pois a ferramenta exerce um papel complementar a essas atividades (WOOD, BEHLING e HAUGEN, 2006).

Kelleher e Miller (2006) indicam a existência de blogs oficiais e semi-oficiais. Estes são mantidos por funcionários da companhia, claramente associados à empresa; aqueles estão sob a responsabilidade do porta-voz da companhia ou do profissional de comunicação organizacional. Nas ferramentas semi-oficiais, o tema dos posts varia de notícias da companhia a informações relacionadas ao segmento em que atua. Herring et al (2004) sugerem que os blogs corporativos se desenvolvem a partir de formas anteriores de comunicação offline e online. A ferramenta está mais para uma mistura de atributos de outros veículos do que para uma nova forma de comunicação. Para Kelleher e Miller (2006), a tecnologia possui características de comunicação pessoal e profissional.”

(in: http://bit.ly/gKKmqN)

Proposta

Nós fazemos gerenciamento de perfil medias sociais (Orkut, Facebook, Twitter, LinkedIn), estudo de posicionamento em sites de pesquisa (Google, Bing), relacionamento com o cliente, planejamento de comunicação interna (com clientes/funcionários, através de formulário de feedback, quadro de comunicação, publicações internas, panfletos) e desenvolvimento de estratégias de gerenciamento de publicidade. Por meio de conversas e brainstorm as ações são montadas junto ao empresário, que acompanha todo o processo, para juntos chegarmos ao ponto de equilíbrio.

Abaixo mostramos algumas estatísticas de um case de sucesso gerenciado por nós que, sem ter um site formal, conseguiu posicionamento na primeira página do Google, acima de companhias que possuem uma home page, entretanto não gerenciam suas informações:

clip_image006

Número de visualizações no “Google Maps” (3638) e direcionamentos para o Twitter (185)

clip_image008

Pesquisa Google com palavras específicas (nome do estabelecimento), aparições: 7080

clip_image010

Busca genérica (restaurante japonês zona norte), em primeiro lugar depois de ‘links patrocinados’

clip_image012

Citação no site “Veja São Paulo”

Além de “Veja São Paulo”, inserimos nosso clientes em guias como Apontador, VcVai.Com, QueBarato!, Kulone, entre outros.

Gostaríamos de poder conversar pessoalmente, mostrar nosso trabalho, para juntos com construirmos uma nova imagem perante seus clientes. :D

RB Comunicação

Gustavo Cordeiro
Jornalista - Mtb: 58.516 - SP
55 11 2242-3281
55 11 9690-4277
MSN: thewhitemouse@msn.com
Skype: gustavocordeiro.rb
Facebook: facebook.com/gustavo.cordeiro
Twitter: @cordeirogustavo

9/14/2010

não esqueça

esqueça seu herói, ele é tão fraco quanto você ou eu

suas forças podem ser suas fraquezas

tudo o que você mais admirou em si mesmo, talvez o torne frágil

mentalize, memorize, eternize seus sonhos, são sonhos

a muralha que erguiste um dia será apenas destroços depois do terremoto

ria, grite, brinque, disfarce, esconda, mas não traia

não se vingue, não tripudie, não ganhe, não compartilhe, não entregue

esqueça solidariedade, esqueça caridade, esqueça iniquidade

saiba que sim, ninguém é igual e sempre há alguém melhor, isso é relativo

liberte, e nada disso importará

8/21/2010

ANÁLISE SOCIOLÓGICA NO DISCURSO DO RAP

Erica Souza Sodré Soares e Gustavo Cordeiro são estudantes de Pós-Graduação Latu Sensu em Estudos Literários pela Unianhanguera, ela graduada em Letras pela Universidade Bandeirante de São Paulo e ele em Comunicação Social pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a construção da linguagem existente no discurso das letras de rap, tendo como ponto de partida a análise sociológica do texto e seus sentidos produzidos enquanto linguagem cultural, caracterizado pela capacidade de reflexão crítica à ordem social, tendo que traz a tona problemas de um determinado grupo, apresentando resistência à criminalidade e tentando aproximar as pessoas da poesia existente em suas letras.

Diante disso, fica proposto reconstruir a ideia de que esse tipo de comunicação ligada à cultura de massa passa a ser um tipo de literatura que informa a partir da linguagem mais próxima do cotidiano da periferia.

Palavras-chave: Rap, Linguagem Cultural, Crime, Social, Poema-canção.

Abstract: This article aims to analyze the construction of the discourse of rap lyrics, starting where the text and its meanings are produced as a particular language, characterized by the capacity of critical reflection of the social order, and that brings up problems of a particular social group, and shows the refusing of getting in crime life and trying to make people realise the poetry behind its lyrics.

Therefore, it is proposed to rebuild the idea that this type of communication, classified as mass culture, becomes a kind of literature that reports the every day reality using their on way of speaking.

Key words: Rap, Particular Language, Crime Life, Social, Lyrics, Poetry.

Introdução

Originário da periferia das grandes cidades dos Estados Unidos o gênero musical - acróstico de rhythm and poetry para ‘rap’, ritmo que contagiou a juventude brasileira, é originário do hip-hop que designa um conjunto cultural vasto que deriva daí seus quatro elementos artísticos: MC, master of ceremony, mestre de cerimônia ou rapper, a pessoa que leva a mensagem poética-lírica à multidão, que acresce às técnicas do freestyling ou livre improviso, e o beat-box, que são sons reproduzidos pelas próprias cordas vocais dos rappers cuja característica de percussão guarda semelhança de efeito com um toca-discos ao acompanhar o MC; o DJ, disc-jóquei, aquele que coloca a música para dançar; o break, para aqueles que se expressam por meio de movimentos da dança; e o grafite, a arte visual.

A relação do hip-hop com a vida cotidiana dos jovens trás a tona ideologias marcadas pelo preconceito de pessoas ditas de classe social superior, como explica Rosana Martins:

participantes de uma cultura distinta da ordem dominante marcada por uma série de práticas integradas incluindo a dança, a música e arte visual com o objetivo de disponibilizar espaços para a interação e comunicação de grupos marginalizados, um fórum pelos quais pudessem rever o significado de ser jovem e negro. (p.2)

A construção poética do rap no Brasil tenta buscar e até mesmo denunciar problemas sociais de um país em desenvolvimento bem como, a pobreza, a violência urbana, a discriminação racial, o resgate da auto-estima dos afro-brasileiros, a desigualdade na distribuição da renda, o usos de drogas, a falência da rede educacional, as chacinas entre outros problemas.

Em sua maioria, todos esses problemas são vivenciados pelos moradores de periferia, e através dos poemas-canções do rap é possível perceber que se trata da realidade comum dessas pessoas, e que em geral os rappers defendem a conscientização social, não o crime. Tema esse que será objeto de analise desse artigo através da canção “To ouvindo alguém me chamar”, do grupo Racionais MC’s.

Tal análise partirá do princípio sociológico de que a literatura voltada para o discurso pode dizer muito sobre uma determinada sociedade:

a análise sociológica se volta para a área dos discursos e, dentro dela, aponta para a da literatura, frequentemente com o propósito de ilustrar, exemplificar ou comprovar uma interpretação de caráter bem mais abrangente: a interpretação de certa sociedade. (COSTA LIMA, 2002, p.661)

Ou seja, com um estudo mais de perto entre as relações da poesia presente nas letras de rap e as condições vividas pelos rappers, fica mais fácil conhecer um pouco sobre as pessoas desse meio.

O rap e o discurso

Em busca de atenção, compreendimento e consequentemente conscientização da população para um problema real, os compositores fazem uso de uma linguagem bem especifica (chamada, inclusive, de dialeto por eles mesmos). Um bom exemplo, o uso de gírias como marca da identidade e vista muitas vezes, por pessoas não pertencentes ao meio, como uma linguagem de marginais. Contudo, a escolha por esse tipo de linguagem faz com que o individuo sinta-se inserido a um grupo, pois esse tipo de fala expressa a vontade, interesse e pretensões de um coletivo. Também os deixa bem próximo de seu público alvo, jovens que, muitas vezes sem acesso a escolas, utilizam a fala para alcançar a cultura passada por gerações.

Segundo Antonio Candido (2000), nos países subdesenvolvidos a literatura erudita está fora do alcance das grandes massas devido ao processo de urbanização que traz consigo o domínio do rádio e da televisão fazendo com que os alfabetizados se desinteressem pela leitura. Por outro lado, o contato com a poesia feita pelos rappers chega a essas pessoas como uma estrutura única, assim, o interesse em desvendar seu significado abre portas para o estudo da literatura.

[...] Uma conversa no café pode transmitir informação, mas o que predomina nesse tipo de conversa é um forte elemento daquilo que os linguistas chamariam de “fático”, uma preocupação com o ato da comunicação em si mesmo. [...] estou assinalando também que considero digna de valor a conversa com você, que o considero uma pessoa com quem vale a pena conversar que não sou anti social. [...] (EAGLETON, 2003: 18)

[...] Não que tenhamos alguma coisa chamada conhecimento fatual que possa ser deformado por interesses e juízos particulares, embora isso seja perfeitamente possível; ocorre, porém, que sem interesses particulares não teríamos nenhum conhecimento, porque não veríamos qualquer utilidade em nos darmos ao trabalho de adquirir tal conhecimento. (Ibidem, p. 19)

O grupo Racionais MC’s é formado por Ice Blue, Mano Brown, Edi Rock e KL Jay — os dois primeiros da zona sul e os dois últimos da zona norte da cidade de São Paulo. Desde o início da formação do grupo, na segunda metade da década de 1980, impressiona pelo conteúdo de suas músicas que retratam, através das letras, o cotidiano das pessoas que moram na periferia de São Paulo, discutindo crime, pobreza, preconceitos social e racial, drogas e consciência política, principalmente da zona sul da cidade. Segundo Mano Brown (apud TELLA, Marco Aurélio Paz):

Rap é o maior veículo de comunicação. Ele faz o que nenhum outro veículo faz: conta a verdade como ela é, e aponta soluções. É direcionado ao povo negro, apesar de muitos brancos ouvirem. Mas em sua essência é uma música negra, para negros. Diante do contexto político, é a nossa história, é a nossa segunda escola, porque a escola conta a história parcial e nós contamos a real.

A letra de “Tô ouvindo alguém me chamar” narra a trajetória de um jovem de periferia que se envolveu com o crime e foi assassinado. Durante a história, o autor mistura o presente (momento do assassinato) a memórias (sua entrada para a criminalidade), num processo complexo que exige muita atenção para ser desvendado e compreendido:

[...] apavorei, desempenho nota dez
dinheiro na mão, o cofre já tava aberto
o segurança tentou ser mais esperto
foi defender o patrimônio do playboy
não vai dar mais pra ser super-herói!

se o seguro vai cobrir
foda-se, e daí ?

o Guina não tinha dó:
se reagir, Bum!, vira pó

sinto a garganta ressecada
e a minha vida escorrer pela escada
mas se eu sair daqui eu vou mudar[...]

Junto a isso, a base (instrumental) conta com trechos de diálogos que remetem a personagens secundários, que fazem parte do dia-a-dia do herói lírico, como seus parceiros de crime ou seus executores.

No começo, a carreira no crime lhe pareceu uma boa alternativa à pobreza, não gostava da escola e a rua o atraía mais, ele conhece Guina, se torna seu professor do crime:

[...] mas sem essa de sermão, mano,

eu também quero ser assim
vida de ladrão não é tão ruim!
Pensei
entrei
no outro assalto eu colei e pronto
aí!

o Guina deu mó ponto[...]

Durante os primeiros períodos como criminoso ele afirma que está bem melhor que seu irmão, e o desdenha, por escolher uma vida que não o levará a lugar algum, os estudos:

[...] Guina, eu tinha mó admiração, ó
Considerava mais do que meu próprio irmão, ó[...]

E segue em seu ataque:

[...] fiz dezessete, tinha que sobreviver
agora eu era um homem, tinha que correr
no mundão você vale o que tem
eu não podia contar com ninguém
cuzão,
fica você com seu sonho de doutor!
quando acordar cê me avisa, morô?
eu e meu irmão era como óleo e água[...]

Jacob L. Lumier em seu artigo cita Georges Gurvitch, que classifica estas manifestações contrastantes como Gestalten (estruturas) sociais, reais ou virtuais (ideias), que ocorrem simultaneamente, as vezes se anulando, as vezes se equilibrando. Ainda de acordo com a citação de Lumier, Gurvitch classifica e enumera seus tipos e/ou ocorrências:

1) - uma mentalidade, em particular preferências e aversões afetivas; 2) - predisposições a condutas e reações;

3) - tendências a assumir papéis sociais determinados;

4) - um caráter coletivo;

5) - um quadro social em que: (a) - os símbolos sociais se manifestam, e (b) - escalas particulares de valores são aceitas ou rejeitadas.

(LUMIER)

No final, a mensagem se torna clara e direta, e o fundo moral surge, revelando que, o que parecia apologia se trata de alerta:

[...] meu irmão merece ser feliz
deve estar a essa altura
bem perto de fazer a formatura
acho que é direito, advocacia
acho que era isso que ele queria
sinceramente eu me sinto feliz
graças a Deus, não fez o que eu fiz
minha finada mãe, proteja o seu menino
o diabo agora guia o meu destino [...]

Conclusão

A mensagem do poema-canção, entretanto não teria a mesma força se estivesse fundada num discurso “externo”, ou seja, de quem não vive a realidade cruel da periferia dos centros urbanos brasileiros, mas chama atenção para problemas existentes como uma forma de protesto e a quem ela chegar se mostrará dessa forma. Autenticidade e legitimidade sustentam a poética forte veiculada pelas letras de rap.

Diante dessas observações, apressadamente poderíamos chegar à conclusão de que a linguagem do rap contribui para aumentar o abismo que separa os que têm dos que não têm acesso à cultura letrada. Contudo podemos enxergar de outra maneira, mesmo não seguindo a norma culta da língua, “desrespeitando” o que se espera do registro escrito na maioria das vezes, é assim que as pessoas da periferia se comunicam.

Podemos concluir que por meio da linguagem do rap e suas letras vistas como poemas, é possível perceber a intenção de mobilizar e conscientizar a juventude a lutar pelos seus direitos e não entrar no mundo do crime, além disso, tentam combater os abusos da dita burguesia, buscando diminuir a desigualdade social existente no país.

Referências

ANDRADE, Elaine Nunes de (Org.). Hip-hop: movimento negro juvenil. In: Rap e

Educação - Rap é Educação. São Paulo: Summus, 1999, p. 83-91.

CANDIDO, Antonio. Literatura e subdesenvolvimento. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2000.

EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: Uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

LIMA, Luiz Costa. A análise sociológica da literatura. In: Teoria da Literatura em suas fontes. Vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

LUMIER, Jacob J. A Dialética Sociológica, o Relativismo Científico e o Ceticismo de Sartre: Aspectos Críticos de um debate atual do Século Vinte, s/d Site: Open FSM. Disponível em: http://openfsm.net/people/jpgdn37/jpgdn37-home/A-Dialetica-Sociologica-_Sartre_Gurvitch.pdf Acesso em: 15/07/2010.

MARTINS, Rosana. Rap Nacional e as Práticas Discursivas Identitárias. Site: Associação Brasileira de Etnomusicologia, s/d. Disponível em: http://www.musicaecultura.ufba.br/Martins-Rap_nacional.pdf Acesso em: 14/08/2010.

TELLA, Marco Aurélio Paz. Reação ao estigma: O rap em São Paulo, s/d. Site: Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Disponível em: http://www.ifcs.ufrj.br/~enfoques/marco06/pdfs/marcodoc06-02.pdf Acesso: 14/08/2010.

8/04/2010

o quê sou eu diante da beleza?

voo perdido vou pelos ares vivendo a loucura de saber
confesso não querer e por pouco chego a morrer
gira tudo ao redor em uma tonteira sem fim me guiando por nuvens
e é assim formas e sonhos e cores e cheiros e amores que trazem dores

tal qual o bêbado moral sem escrúpulos desafio e provo do gosto
louco!
trôpego caminho o caminho em desalinho já não consigo equilibrar
choro pelo que não sei a lembrança
talvez
sou rei!

7/13/2010

miragem, doce e alva miragem

eia! espicho me todo a ver-te passar, leve e lânguida, toda coxas e carnes. o suor a escorrer pela testa, em direção a bochecha rosada e saudável. cabelos cores difusas balançando a queimar meu desejo com sua cor de fogo. corro os olhos em direção ao decote, generoso, com vales de perfumes entre serras. vestido esvoaçante, levado pelo vento, prata no tecido traiçoeiro. abaixo, em oposição a morros, ventre profundo, sulcado pela boa linhagem de qual provieste. abre-se silhueta, mulher poderosa, com força de batalha, anita garibaldi. acima dos joelhos finda a fazenda, sem mais decalques, com cor lustrosa, selenita.  batatas da perna grossas e suculentas, convidando-me a ser condenado pela luxúria, terminando em canelas e calcanhares de calibre que podem me ferir e matar.

mas, assim como vem, se vai, sem ao menos lançar um furtivo olhar lateral a esse ser visceral, deixando somente aromas e bromas.

(intervenção em homenagem ao gosto da saudade de Aline Liz Moraes Dahlen)

7/12/2010

miragem

eia! espicho me todo a ver-te passar, leve e lânguida, toda coxas e carnes. o suor a escorrer pela testa, em direção a bochecha rosada e saudável. corro os olhos em direção ao decote, generoso, com vales de perfumes entre serras. vestido esvoaçante, levado pelo vento, com estampa de flores no tecido barato. abaixo, em oposição a morros, ventre profundo, sulcado pela boa linhagem de qual provieste. abre-se a silhueta em ancas de boa mãe, mulher poderosa, com força de batalha. acima dos joelhos finda a chita, sem mais decalques, com cor terrosa da pele morena.  batatas da perna grossas e suculentas, convidando-me a ser condenado pela luxúria, terminando em canelas e calcanhares de calibre que podem me ferir e matar.

mas, assim como vem, se vai, sem ao menos lançar um furtivo olhar lateral a esse ser visceral, deixando somente aromas e bromas.

6/09/2010

esc para sair

escárnio é a flor que enfeita a lápide de uma triste existência

escombros de uma luz  há muito apagada

escarros ressequidos arranham vestes pútridas

esculachados se encontram os que persistem a essa loucura

escabeçar-te-ei monstro que me persegue em minha solidão

escabichar sua face horrenda por imerecida miséria

escaço malcheiroso que fertiliza mania errante

escáde que gera dor em corpo imaculado e puro

escabiosa te chamo em alusão a diabólica

escabicheira lhe trouxe ingrediente que fomentasse meu drama

escabreado pois sigo por essa senda escolhida ao acaso

escacilho esse amor que fugiu e levou à ruína

esclerótico meu peito após dito fulgor executado

passar de dentro para fora, ir para fora, ou deixar um lugar

5/15/2010

vinho

quando eu for, não me diga que fui o último

que amar não é como o mar, entre ondas e espumas

não fique só, apenas dê um tempo e se jogue

embale e embole seus braços nos braços de um novo amante

 

quando eu não estiver, espere pelo próximo que vier

que a vida não pára quando chega a hora, oras, segue no influxo

de dicente carente, vire o docente doce que traz o prazer

guie quem possa montar a guirlanda de flores e corações

 

confuso infuso, trabalho obtuso do uso do estigma

sem ordem nem gosto no mosto imposto à uva

do que segue no rumo vivente inventando o buquet

 

esqueça que fôra o que juntos éramos, vinagre viramos

separe étilico evapore e ignore antes que more a disgosto

numa nova sepa brotando da terra, outro preparo de fênix

enótica erótica infinita            

4/27/2010

fátima

No escuro,
Sozinha
Mesmo com uma vela acessa
Jamais pensava eu
Escrever uma poesia
Poema meu?
Palavras minhas?
Não.
Só me leio nas entrelinhas.

(intervenção andré mantovanni)

3/22/2010

torrente

negra sua cor, noite dos meus devaneios

cachos que me enrosco no fim de minha liberdade

quero seu cheiro, quero seu corpo, quero ser seu

paixão que surge traiçoeira e foge de meu controle

espero recompensa enquanto tento entender

uma avalanche que vai-e-vem e me confunde

te busco, te ouço, te sigo, te perco

emendo a memória de seus beijos a momentos

surgem paixões passageiras e nenhum antídoto

para a dor de ser apenas: mais um amigo

2/18/2010

Biblioteca de São Paulo

Visitar a Biblioteca de São Paulo pode ser uma experiência e tanto: livros, video, audio, cinema e, em breve, oficinas e exposições, de acordo com o gerente cultural Mario Silva. Construída exatamente onde funcionava a recepção da Casa de Detenção de São Paulo (o famoso Carandiru, implodido em 2002), o espaço promete concentrar o maior acervo de livros do estado de São Paulo, além de funcionar como um data center, com informações de todas as bibliotecas públicas estaduais.

Logo na entrada o visitante é gentilmente convidado a guardar seus pertences em lockers, com direito a chave, mas é preciso memorizar qual o número do seu armarinho, pois as chaves não contam com numeração, somente as portas.
Após tudo guardado, o visitante tem a sua disposição diversos computadores equipados com leitor e gravador de dvd, fones de ouvido, entrada USB e monitores de LCD de 21', que podem ser usados para ver filmes, navegar na internet, ouvir música, gravar arquivos (como fotos e cds de audio e video) ou acessar livros digitalizados. Uma boa sacada foi dividir os computadores nos dois andares: o primeiro, mais barulhento, para crianças, o segundo recomendado aos adultos, para que possam se concentrar.

Entre os filmes disponíveis Bonequinha de Luxo,O Sabor da Melância, Embalos de Sábado à Noite, Buena Vista Social Clube. Cds de audio contam com um repertório bem restrito, mas estão lá Mart'nalia, Chico Buarque, Jards Macalé, Luiz Melodia e compania.

Quando tentei navegar na internet, o "sistema tinha caído" e estava sem previsão de volta, o que tomou aproximadamente uma hora. Internet conectada, orkut e web messenger bloqueados, mas facebook, twitter e outras redes sociais tranquilo, assim como servidores de e-mail (tipo Hotmail e Gmail). Logo de cara dá pra perceber que o hit é mesmo o youtube, que está em mais da metade das telas! Se quiser escrever ou produzir alguma coisa, o máximo disponível é o bloco de notas do windows, não existe nenhum pacote office disponível, nem pago, nem gratuito. Também não adianta levar lap top, não há wi-fi disponível.
Pra levar algo emprestado (DVDs e Livros) têm que fazer a carterinha no balcão da recepção. Basta documento de identidade, mas quando for fazer sua primeira retirada tem que apresentar comprovante de residência. Quando fui fazer a minha tive que esperar aproximadamente 20 minutos, com apenas cinco pessoas na minha frente, porque de três atendentes um estava ajudando o que faz a retirada e o terceiro estava falando ao telefone.

Olhando ao redor, vemos a galera da comunidade, que faz uso dos computadores para conversar por e-mail e ouvir música no youtube; os moderninhos, que ficam vasculhando livros e filmes pseudo-intelectuais, intelectuais e hypes; estudantes de todas as idades buscando livros para pesquisa e mais um monte de gente sem ter o que fazer ou buscando um programa cultural.

No final, dá pra gastar umas boas horas lá dentro (no meu caso, aqui dentro, já que estou escrevendo em um dos computadores) com cultura, paquera, exibicionismo e o que mais seu desejo criar!


Serviço

End.: Av. Cruzeiro do Sul, 2630, ao lado do Metrô Carandiru

Horários: Terça a Sexta de 9h às 21h - sábados, domingos e feriados de 9h às 19h - não abre segunda