8/06/2012

O meu 禅空 - II

zen2[17]Uma grande professora pediu que lêssemos “A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen” (Herrigel, Eugen), Conhecendo ela do jeito que a conheci sei que ela tentava mudar nossas vidas. Por meio dela também me apaixonei por Salinger. Ela chegou a passar uma entrevista com a última mulher do demi-deus (mas isso é outro momento).

 

Há uma passagem muito interessante no livro: durante o treino com flecha, o aprendiz descobre uma maneira de acertar o alvo na maioria das vezes – realmente foram poucos erros durante uma longa sessão. Ficou surpreso quando o Mestre pediu que ele se retirasse da academia e nunca mais voltasse. De acordo com o mestre, ele estava tomando o caminho mais curto, quando ele deveria SER o caminho.

Em nossa existência diária procuramos sempre ser a flecha, buscando alvos a esmo, quando não a esmo, indicados por falácias que queremos acreditar ser verdade: projetamos a namorada perfeita, o emprego ideal, o salário maior. Se buscarmos SER o alvo, qualquer das metas que atinjamos será a meta desejada, pois nos reencontraremos em um círculo, nunca deixaremos de SER.

Diz que ocidental pensa muito na vida, tenta racionalizar cada ação. Diz. Diz também que não se pode descrever física quântica usando mandarim. Bem, isso é verdade. Também me contaram que francês é o idioma oficial de muitas organizações internacionais pelo simples fato de que não há controvérsia, interpretação e duplo-sentido, a língua é franca. Outra coisa interessante é que deficientes auditivos –surdos- não têm noção do que significa uma pergunta, a estrutura não pode ser representada pela linguagem de sinais. Para inquirir alguma coisa é preciso criar uma situação, uma historinha, e deixar que eles completem com a informação desejada.

Tanto rodeio só para falar uma coisa: nosso cérebro e nossa linguagem possuem forças e fraquezas incompreensíveis e não descritíveis com palavras específicas, o que pode parecer um paradoxo. Tão forte é o poder da mente que um mero clichê pode fazer cair por terra qualquer credibilidade. O uso das palavras corretas pode mudar sua vida por completo.

E a palavra que sugiro é VAZIO, esqueça suas metas pelo simples motivo de que você é a meta, sempre. Deixe a vida seguir seu fluxo, deixe que “os fatos sejam fatos naturalmente, sem que sejam forjados para acontecer”  (chico science). Não significa largar de mão. O caminho é conhecimento, e só se tem conhecimento quando se interioriza o conhecimento, caso contrário o que se tem é uma frágil memória que se esvanecerá como a fumaça de um incenso. A chama deve ser alimentada diariamente, como o sol clareia a senda.

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