12/08/2014

Aspectos religiosos dos povos pré-colombianos - recorte

Quando os europeus chegaram oficialmente na América, a partir de 1492, encontraram nativos nos mais diversos estágios de evolução cultural, que podem ser classificados como Paleolítico (viviam de caça, coleta, pesca e agricultura rudimentar, fazendo uso de ferramentas simples), Neolítico (tinham agricultura mais desenvolvida e certa organização social e econômica) e Civilização (economia avançada, claro divisão social, uso de ferramentas especializadas e ciência desenvolvida – matemática e astrologia principalmente). A despeito de serem diferentes entre si, todas elas tinham traços em comum com relação à religião (também em outros aspectos, mas que não abordaremos neste texto). O primeiro item a ser apontado, talvez por ser o mais marcante, é o fato de serem politeístas - todos cultuavam vários deuses, sempre com divindades apoiadas na natureza. Outro aspecto recorrente era o sacrifício humano, apesar de acontecerem com motivos e formas particulares em cada cultura. Por fim, o que chama atenção é cada uma delas ter seu mito da criação elaborado. Dependendo da civilização temos um deus em destaque em seu panteão. Símbolo de fertilidade, tanto vegetal quanto humana, Pachamama (Pacha: universo ou tempo; mama: mãe) era a deusa-maior dos nativos andinos, em especial da civilização Inca. Ela chama atenção já pelo nome, que tanto pode significar espaço quanto temporalidade, representando o ciclo de vivência que envolve os elementos do universo, biótico e abiótico, em que há um estado de pré-existência, um de existência, seguido por transformação ou fim. Entre os tupis-guaranis (Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e outros países da América do Sul) encontramos a figura de Tupã, deus do trovão, que teria descido à Terra e criado a humanidade, com a ajuda de Jaci (lua). Entre os astecas (México), Nanahuatzin (sol) se destaca como deus de grande coragem, apesar de fraco e pobre, que teria se sacrificado espontaneamente para dar origem ao universo. Sacrifícios humanos aconteceram em diversas culturas pelo mundo, e ainda acontecem em lugares remotos, como o ritual do sati na Índia (o cônjuge se joga na pira funerária do companheiro ou companheira falecido). Os maias (México, Guatemala, Honduras, El Salvador) talvez não fossem os mais cruéis (sob um ponto de vista moderno), mas são com certeza os mais retratados na atualidade. Como possuíam um sistema de escrita refinado, eles podiam documentar processos culturais, deixando registro de muitos casos. Os sacrifícios serviam para pedir abundância na colheita, êxito na guerra, favores aos deuses, ou para celebrar vitórias bélicas. Neste último, os sacrificados eram sempre inimigos, mas noutros casos eram pessoas da própria sociedade, inclusive com voluntários. Crianças também eram sacrificadas pelos maias, geralmente morrendo com pancadas na cabeça, ou com a retirada do coração enquanto vivas, mas as razões para escolherem infantes ainda são obscuras. Entre os tupis-guaranis tinha-se o hábito de matar crianças defeituosas, ou que fossem gêmeos. Outro costume nestes grupos era o de comer a carne do inimigo – acreditava-se assim que estaria absorvendo sua coragem.  Para os astecas, sacrifícios são necessários para suprir de sangue os deuses criadores, caso contrário eles perecerão, junto ao universo. O que cada mitologia pré-colombiana tem de particular entre si é o mito da criação. Para os tupis-guaranis o homem foi criado por Tupã a partir do barro. Na cultura maia, Huracán, sob a supervisão Tepeu e Gucumatz, também teria criado o homem a partir do barro, mas ele não conseguia manter-se rígido, por isto tentaram madeira, porém resultou em obra inerte e sem vida e, por fim, escolheram o milho, material de que somos feitos. Para os incas, somos todos descendentes de Manco Capac e Mama Ocllo, irmãos casados, ele filho do sol e ela filha da lua, que foram enviados por seus país para organizar e popular a Terra, que estava em caos. Por fim, cabe observar que, a despeito do tamanho do mundo naqueles tempos, e até mesmo antes, muitos dos mitos se repetem. Podemos encontrar um deus trovão na mitologia nórdica (Thor), sacrifícios humanos entre os hebreus pré-bíblicos, seres humanos feitos de argila na crença judaico-cristão-muçulmana, a deusa mãe da fertilidade Ísis no Egito, isto só para citar alguns exemplos. 

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