2/12/2014

O meu 禅空 - VII

Recentemente postei um diálogo da série “Diálogo” em que as duas personagens conversavam sobre a diferença entre andar o caminho e ser o caminho. Apesar da referência ser à felicidade, a pequena metáfora pode ser utilizada em qualquer circunstância.
Os esquetes são sempre bem pequenas -uma fala de cada, o velho e o jovem, intercaladas por algum sentimento dos dois- o que abre margem para muitas interpretações. Diversos amigos já chegaram a conclusões diferentes sobe o mesmo texto, sempre positivas. Acontece claro, de um ou outro não chegar a nenhum, mas como este fala sobre “caminho” e “felicidade”, abrirei uma exceção e explicarei com mais detalhes (e por metáforas, claro, já que não é uma fórmula mágica).
Imaginemos o seguinte cenário - uma estrada longa, um templo ao fim dela, com um sábio dentro. Neste panorama, podemos chegar em muitas, mas iremos nos ater a três situações:
*Ser um viajante que trilhará o caminho em direção ao templo, a fim de fazer as perguntas certas ao sábio e atingir a felicidade. A estrada pode ser tortuosa, íngreme, esburacada, cheia de curvas e bifurcações, pode ser direta, lisa, plana e agradável. A viagem pode ser emocionante, perigosa, calma, monótona. Pode ser até tudo isto misturado e você chegar ao fim, ou desistir no meio. Pode atingir a felicidade, ou se frustrar. Não depende de ninguém, além de si próprio.
*Ao trilhar a estrada, construída segundo sua própria existência, também existe a possibilidade de chegar ao templo e não conseguir entrar, ou, se entrar ficar perdido na hora da pergunta, se sentir intimidado pela sabedoria do mestre. Desesperador, não?
Nas duas simulações o objetivo ficou dependente de fatores externos, e foi projetada em alguma coisa distante: o mestre. São armadilhas que não asseguram êxito, estão fora de seu campo de controle.
A terceira é a mais simples para definir, todavia, muito difícil de internalizar, pois infere em se tornar tudo que está ao redor e pode levar a felicidade. O caminho chega ao templo sempre, independente de alguém trilhá-lo ou não. O caminho não se afeta quando alguém diz “está difícil, está muito fácil”. Ele simplesmente está lá, sendo o que nasceu para. E no fim terá o sábio passeando ao seu redor, em regozijo e contemplação, fazendo do caminho o motivo de sua alegria.

Sendo o caminho, não importa o quanto você se desvie, a meta está do outro lado, mas como você é um em toda a extensão, a meta já está, o que resta é ajustar a si próprio, para ser reto, harmônico, direto, e bonito, sem nunca se perder ou desistir.

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