1/15/2012

pra mim não serve

Sempre me interessei por pessoas diferentes. Interpretem a última palavra como adjetivo, mas é também um verbo.
Meu primeiro amor foi uma estrábica. Vesga mesmo, com os olhinhos tortinhos. Eu com nove, ela onze. Eu ficava horas sob sua janela conversando, aprendendo, me alimentando da sua extraordinária pessoa.
Aos onze anos passei a frequentar fliperamas. Sempre me disseram que tinha muito drogado, ladrões, maus elementos. A última parte não é tão verdade assim.
Passei a ouvir e curtir rap, música até então estranha ao meu círculo. Muitos anos depois virou moda, hoje ouço quase tudo, mas muito de mim veio de lá.
Me interessam surdos, mudos, anões, deficientes físicos e mentais, tipo aleijados, paraplégicos e afins (palavras que devem ser tão feias que nem constam no dicionário do celular onde escrevo esse texto), deslocados sociais. Também me fascinam os que fazem uso do verbo diferenciar: homosexuais, tatuados, pessoas com modificações corporais, tímidos, recatados (sim, esses dois escolhem), periguetes, fanfarrões, putas, travestis etc.
Ouço funk, 'se amarro', acho uma forma de expressão riquissima. Assim como lutas. Somos humanos, precisamos de nossa parte primal.
Muitas vezes ouvi "nossa, um rapaz tão bonito, estudado, culto (e segue a linha de eufemismos), não sei por que você se mistura/ouve/curte/gosta". É, não sei tampouco, mas não me preocupo com isso. Perco mais tempo amando, admirando, aprendendo, sorvindo (palavra bacana) os outros do que tentando me entender. Ganho mais com isso.
Cada vez que ouço 'pra mim não serve' me ocorrem dois pensamentos: quanta pretensão e pra mim não serve.
ps: primeiro post feito no meu android, sem revisão, mas acho que foi :)


Um comentário:

  1. Muito bom!
    Me identifico bastante, em especial pelo gosto por "diferentes"!
    Quanto ao rap, você mesmo me fez até gostar de alguns... eu pensava ter mente fechada (pena) pra isso. Ainda bem que não!

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