Ao passarem por uma pequena cidade, o jovem notou dois homens se desentendendo por um motivo qualquer. Por mais que gritassem, não chegavam a um acordo. Para o aprendiz tratava-se de algo grave, mas o velho aparentemente não dava a menor importância. Depois de caminharem ao centro do vilarejo, se abastecerem com provisões e encontrarem um lugar para acampar, começaram a conversar:
-Mestre, como podemos ganhar uma discussão?
-Tu estás a falar sobre os dois citadinos que avistamos mais cedo? – perguntou o velho, enquanto preparava algo no fogo improvisado.
-Sim, por mais que se esgoelassem, não pareciam chegar a um acordo. –respondeu, admirado, pois pensara que o Mestre não havia notado o desentendimento- Deve ter algum jeito de ganhar uma discussão.
-Se fores titular desinteligência discussão, digo-te que não há quem saia ganhando. Todavia cheguem a um remate, ambos perdem.
-Como é possível? – o garoto estava cada vez mais confuso.
-No desenlace quem tomar prejuízo guardará rancor em seu coração, e quem sair em crida vantagem, perderá um possível amigo, ou a oportunidade de engrandecimento através da gentileza ao próximo. – o jantar estava quase pronto.
-E qual seria a outra forma de discussão? – ele deveria preparar os pratos, mas tinha medo de perder a explicação. Tratou de se apressar, apesar do zelo aprendido com o velho.
-Discutir em seu sentido etimológico quer dizer debater, conversar ao redor de um assunto. Caso seja esse o momento, chamemos assim, todas as partes saem venturosas, porquanto se sabendo manter uma linha de humildade e raciocínio belo os envolvidos aproveitarão a chance de aprendizado.
Era uma refeição simples, que comeram em silêncio enquanto o jovem aprendiz digeria os novos aprendizados.
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