-Eu estou confuso, não entendo sua ideia de humildade.- lamentou o rapaz.
-Não há relação entre ser humilde e esconder nossas qualidades. Humildade consiste em reconhecer habilidades alheias e não sentir nenhum sentimento além de admiração.– explicou o Mestre.
-Alardearmos o que sabemos é arrogância.
-Ser arrogante é fazer uso egoísta do que te foi agraciado. – continuo o Mestre – É tripudiar sobre quem não recebeu o mesmo dom.
-Mas… não somos todos iguais? – balbuciou o discípulo.
-Há pouco passamos por um aleijado, na entrada do vilarejo. Desafiaria-o a uma corrida?
-Não.
-Por que não?
-Porque ele não pode caminhar como eu posso.
-Então sentes superior a ele, já que podes andar e ele não?
-Não me sinto melhor que ele…
-Reconheces que te moves com mais eficiência?
-Sim…
-Para se movimentar eres melhor, não há nenhum problema nisso, apenas um fato. Tua humildade reside em não tripudia-lo convidando para uma corrida. Vês aquele lago adiante? O que farias se eu atirasse-te no meio do lago?
-Nadaria para me salvar, além de ficar muito triste e confuso com o senhor por ter feito isso. – murmurou o garoto, assustado.
-Tu não morrerias, por que sabes nadar. Eu morreria se caísse lá, não sei nadar. Reconheço que eres melhor, entretanto, isso não é motivo para tristeza. – pacientemente exemplificou o Mestre. – Crês que eres mais sábio que eu?
-Não! – apressou-se em negar o aluno.
-Crês que sei todas as coisas entre o céu e a terra?- insistiu o Velho.
-Sim! É o homem mais sábio que conheço!
-Perderei o sentido da vida no exato momento em que pensarei tê-lo encontrado. Nisso reside também a humildade, a consciência de que se pode ser sempre melhor. – concluiu o Mestre.
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