Fundada oficialmente em 19 de agosto de 1859, Planaltina é a cidade mais antiga do Distrito Federal. Entretanto, sua fábula começa muito antes desta data – segundo a memória popular, um habilidoso artesão instalou-se na região para atender à demanda gerada pela exploração de ouro e esmeralda que se iniciara em meados do século XVIII. Armeiro talentoso, logo recebeu o título de Mestre D’Armas, devido ao belo quefazer restaurando armamento de exploradores e moradores. A tradição ligada à arte e ao trabalho continua intrincada na atual Região Administrativa VI, como é classificada.
Com objetivo de resgatar esta história, a Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina – DF (AACHP) organiza no Museu Histórico e Artístico de Planaltina o I Salão Mestre D´Armas – Mostra de Arte Contemporânea, selecionando 20 obras de diversas vertentes e de artistas do Distrito Federal e entorno. Elas ficarão expostas durante dois meses, depois passam a integrar acervo da Secretaria de Cultura.
Nascimento de Planaltina
Para dar vazão ao ouro extraído no ‘Goyaz’, foram abertas duas enormes estradas, ligando o Planalto Central a Rio de Janeiro e Salvador, as duas cidades que antecederam Brasília como capital do país. Planaltina se desenvolve ao longo da via construída em 1731, que conectava à Bahia. Estas pequenas coincidências reforçam a “predestinação” da região. A primeira menção ao nome Mestre D’Armas que se conhece é de 30 de abril de 1758, na carta de Antônio da Cunha Sotomaior, ouvidor geral de Goiás, dirigida ao rei de Portugal, Dom José. O mapa mais antigo a registrar o arraial data de 1773. Ainda assim, 23 anos antes, o cartógrafo genovês Francisco Tossi Colombina já sugerira a mudança da capital do Brasil para essa região.
Ponto de entreposto utilizado como referência por viajantes, com o tempo passa a atrair empresários e fazendeiros. Ainda assim, com o esvaziamento das jazidas de pedras e ouro, entra em declínio no início do século XIX. Na mesma época, uma epidemia assola os moradores das sete fazendas constituintes do Arraial Mestre D’Armas. Longe dos principais centros urbanos, a comunidade se apega na fé e promete um terreno para São Sebastião, onde construiriam uma capela, caso a moléstia fosse erradicada. A oferta é cumprida no dia 20 de janeiro 1811, data que celebra o santo, momento em que celebram missa de ação de graças. Até os dias atuais, fortes laços fraternais e religiosos unem os planaltinenses.
Em 1833, um decreto cria várias sedes de municípios nos arredores. Com a economia crescendo desde a criação da capela, Planaltina passa a ser disputada: inicialmente pertencendo à Luziânia (então Vila de Santa Luzia), quatro anos depois é transferida para Julgado de Couros (atual Formosa). Disputas locais de poder fazem com que mude constantemente de “dono”, até ser emancipada em 19 de agosto de 1859.
Futura capital do país
O destino da atual capital nacional começa a tomar forma em 1883, a partir de um sonho de São João Bosco, fundador da Congregação dos Salesianos: uma nova civilização deveria ser estabelecida próxima a um lago entre os paralelos sul 15º e 20º. Logo, a Constituição de 1891 destina uma área de 14mil Km² para construção da nova sede do governo, baseada no relato de Dom Bosco.
A demarcação começa no ano seguinte, pela Comissão Exploradora do Planalto Central, chefiada por Louis Ferdinand Cruls, geógrafo belga. Designada pelo presidente Floriano Peixoto, a ‘Missão Cruls’ (como se tornou conhecida) demarcou a área considerada adequada para a futura capital, que ficou conhecida como “Quadrilátero Cruls” (formado pelas áreas que incluíam as lagoas de Formosa, Feia e Mestre D’Armas). A pedra fundamental foi lançada em 1922, e hoje é um dos principais pontos turísticos de Planaltina, junto à Igrejinha de São Sebastião, Morro da Capelinha, entre outros.
Fundação de Brasília
Com inauguração de Brasília, em 1960, a cidade é dividida em duas partes - Planaltina e Planaltina de Goiás - e perde gradativamente sua representatividade, sendo ofuscada pela Região Administrativa sede dos governos federal e distrital. Ainda assim, a região resiste como ponto de efervescência cultural, sediando a Festa do Divino Espírito Santo e a Folia de Reis, a Comunidade Vale do Amanhecer, além do próprio Museu Histórico e Artístico de Planaltina, bastião erguido para preservar e fomentar a vocação cultural da cidade.
I Salão Mestre D’Armas
Em 2015, a Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina (AACHP) lança o I Salão Mestre D´Armas – Mostra de Arte Contemporânea. A iniciativa tem como objetivo valorizar a história da região, selecionando trabalhos de artistas do Distrito Federal e entorno, montando exposição no Museu Histórico e Artístico de Planaltina¸ destinada aos moradores e visitantes. Fazem parte do projeto ciclos de palestras educativas em vários pontos do Distrito Federal, mantendo acesa a chama do armeiro que se espalhava por todo o território nacional e pela história, por meio de seu trabalho dedicado e cuidadoso.
Fontes:
“DE MESTRE D´ARMAS A PLANALTINA - Reflexão Histórico-Crítica sobre a Fundação da Cidade” – SILVA, Elias Manoel da; disponível em: http://bit.ly/1iqzcqh
“História de Planaltina” - Administração Regional de Planaltina; disponível em: http://bit.ly/1JNf6iQ
“Do quadrilátero Cruls ao patrimônio histórico e cultural da humanidade” – Senado Federal; disponível em: http://bit.ly/1JNsoMc
“Planaltina” - Biblioteca do IBGE; disponível em: http://bit.ly/1JKXu51
*Infelizmente não tive tempo para participar do projeto em si, mas acho uma pena desperdiçar a pesquisa.
Meu texto não deve ser usado no I Salão Mestre D'Armas, e as datas não correspondem ao cronograma oficial, portanto, fica como registro da história de Planaltina.
Não tenho responsabilidade sobre valores e condições descritas, assim como datas, com relação ao I Salão Mestre D'Armas.
Este texto é fruto de pesquisa, como relatado nas fontes, e material cedido pela produção do I Salão Mestre D'Armas, com organização autoral minha, portanto, protegido contra plágio.
Não tenho nenhuma relação com qualquer evento ou instituição descritos.